A deputada estadual Maria Lúcia Amary negou o quanto pôde que será a candidata a prefeito de Sorocaba em outubro próximo durante entrevista na quinta-feira passada na coluna O Deda Questão no Jornal da Ipanema (FM 91,1Mhz). Mas saindo da entrevista, onde ela nem ficou para um tradicional café servido aos convidados, ela se dirigiu a uma conversa com o prefeito Pannunzio. Sobre o que conversaram? Eleições.
Entenda a lógica dentro do PSDB: Com a decisão de Pannunzio em não concorrer à reeleição, dentro do partido, a pergunta se deseja ser candidato, pela ordem, é para o deputado federal Vitor Lippi. Foi para mim, pela primeira vez, que ele disse que não quer ser o candidato. Foi uma polêmica danada. Quem acompanha o blog, se lembra. Enfim, nem que seja na marra, Lippi será o candidato, me disse pessoa com influência nesta decisão que, também, me falou que Lippi foi imprudente na declaração dada a mim. Mesmo assim, pela maneira com que Lippi me disse que não seria o candidato, segui acreditando no deputado. E desde o dia em que Lippi me falou isso, essa certeza se disseminou. Muitos dizem que Lippi me enganou e para dizer isso alegam a contradição entre ele dizer que não quer ser candidato e agir como se quisesse ser. E para isso argumentam que Lippi nunca ligou para o partido e que ultimamente demonstra preocupação, inclusive indicando lideranças de bairros para se filiarem e concorrem a vereador.
Mas a questão é: porque Lippi já decidido ser candidato, afirma que não quer? O mistério da candidatura garante espaço na mídia aos tucanos? Isso é pouco. Acredito que Lippi não quer mesmo ser candidato e pelas seguintes razões: 1) Caso ganhe, será um governo de 4 anos sem a chance de reeleição. 2) Será um governo em plena crise econômica (talvez pior do que agora) ou alguém acredita que haverá, mesmo, uma rápida melhora econômica seja qual vier a ser o desfecho do impeachment? 3) Num governo sem dinheiro, Lippi corre o risco de ser pessimamente avaliado e colocaria em risco o seu capital eleitoral conquistado em 16 anos (8 de secretário e 8 de prefeito) seguidos no Poder Executivo sorocabano. 4) Lippi é inteligente e ambicioso e já viu que em terra de cego (seus pares em Brasília) quem tem um olho é rei e poderá alçar vôos maiores do que ser prefeito de Sorocaba ou deputado federal. 5) Lippi sabe que é jovem (vai fazer 56 anos neste mês) e se um vôo maior não der certo ele volta a concorrer a prefeito em 2020 para um mandato de 5 anos e com a economia certamente melhor. 6) Lippi dividiria (ou deixaria em segundo plano) seu papel no Congresso em pleno momento histórico do processo de cassação do mandato da presidente da República? Duvido. Ainda mais que suas opiniões começam a ser ouvidas dentro da bancada nacional do partido. 7) Lippi teria de enfrentar as pessoas da região onde ele teve mais de 70 mil votos e para quem ele garantiu que cumpriria o mandato até o fim. Não é pouco isso para alguém com a cabeça do deputado.
Por fim, com a decisão de Pannunzio em não concorrer à reeleição, e de Lippi não querendo, a pergunta do PSDB vai para a deputada estadual Maria Lúcia Amary: você quer ser a candidata? Ela pode negar, como negou aliás na entrevista dada a mim quinta-feira passada, que não é. Mas o sorriso incontrolável que nasceu no rosto de Maria Lúcia toda vez que perguntei se podia dizer que ela é a candidata é um claro indicativo de que isso, hoje, é o que está para acontecer. Hoje (4/4) à tarde perguntei à minha fonte: posso cravar que Maria Lúcia é a candidata a prefeito? E ele afirmou: ainda não.
E por que ainda não? Ai é meu raciocínio e não da minha fonte: Porque apenas novas rodadas de pesquisa dizendo que Maria Lúcia é de fato uma candidata competitiva, capaz de derrotar seus adversários, em especial o seu ex-marido e pré-candidato do PMDB, Renato Amary, é que fará dela a candidata tucana. Senão, novamente, o PSDB vai para cima de Lippi e, ai sim, fazer dele o candidato na marra. Mas dúvido que funcione. Doze anos atrás, convivi intensamente com Lippi, por eu ser à época o coordenador executivo de sua campanha a prefeito em 2004. Do momento em que ele foi eleito até a transição de governo, na posse, e nos primeiros 6 meses do primeiro mandato (quando sai para outro trabalho) estive diariamente com Lippi. E posso dizer que ninguém fez ele mudar de ideia naquilo que ele decidiu. Lippi sempre fez o que quis. Nunca se curvou à vontade ou pedido de ninguém. Nunca houve partido ou amigo que fez ele mudar seu foco. Portanto, ou Lippi mentiu para mim (e bem mentido) ou ele definitivamente não é mesmo candidato diga o que disserem as pesquisas. Ah, o Lippi com quem convivi 12 anos atrás mudou. Certamente sim em diferentes aspectos, mas não em sua lógica de comportamento e ação.