Descanse em paz Mickey

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Foi sepultado nesta sexta-feira em Sorocaba, aos 93 anos, Ângelo Rêmulo Rômulo Lava, ou simplesmente Mickey, símbolo maior da história do São Bento Esporte Clube. Ele estava internado em uma clínica onde era cuidado devido ao Alzheimer.

Quando o time entrar em campo hoje à noite em Mirassol, pela oitava rodada do Campeonato Paulista, haverá 1 minuto de silêncio. E que essa justa homenagem inspire os jogadores atuais que protagonizam a mais vexatória campanha do time na última década. Que o talento, mas especialmente o comprometimento de Mickey com o manto azul da equipe, inspire os jogadores a vencer sua primeira partida de 2019.

Numa época em que a vida social de Sorocaba girava em torno do centro – com o glamour do Sorocaba Club, o footing na praça e a ida ao cinema (os cines São José com sua extensão com mais de 50 100 metros; o cine São Bento, onde há anos fica o Bradesco no centro, e cine Caracante, onde hoje é a Lojas Americanas para baixo da Catedral) – ganhar o apelido de Mickey, por causa de sua semelhança com o ator Mickey Rooney, estava longe de ser algo depreciativo para o adolescente Ângelo Rêmulo Rômulo Lava. Rooney foi o ator que mais participou de filmes desde que o nascimento da indústria do cinema e se manteve no auge desde os anos 30 até os 70.

Mickey nasceu em 9 de setembro de 1925, e começou sua carreira em 1942, aos 17 anos, no Savóia, de Votorantim (lembrando que apenas na década de 60 a cidade viria a se desmembrar de Sorocaba). De 1946 a 53, ele jogou no Clube Atlético Votorantim e depois transferiu para o Ituano, de Itu, clube por onde ficou até 1955. No ano de 1956, já veterano, com 31 anos, veio para o São Bento, onde ficou por 20 anos seguidos atuando como treinador, auxiliar e referência para as novas gerações.

Há dez anos, em 2009, a imagem de Mickey estampou a primeira edição da linha de camisetas “Esse time tem história”, criada para resgatar os ídolos do clube e homenagear os atletas que fazem parte da história do Azulão. Não faltaram homenagens em vida a Mickey, especialmente quando estava lúcido. E ainda bem.

O atual presidente do São Bento, Márcio Rogério Dias, lembrou que “Mickey foi um dos maiores ícones da história do São Bento” e foi claro: “Nossa eterna gratidão pelos serviços prestados ao clube. Ficará eternamente em nossa memória e história”.

Cabe aos futuros dirigentes manter viva a chama de Mickey no clube. O São Bento é uma referência na identidade do sorocabano, assim como o Juventus é do bairro da Mooca em São Paulo, o vatapá é de Salvador, o samba é do Rio de Janeiro. Para manter viva essa história é preciso fazer com o time o que vem sendo feito nos últimos anos, ganhando os jogos dentro de campo, subindo de divisões, mas especialmente valorizando e enaltecendo quem fez essa história se dedicando seja no jogo ou fora dele. Seja atuando diretamente no clube ou mantendo viva essa chama, ou seja, contando, recontando e reavivando a memória de suas glórias e lutas.

Descanse em paz Mickey. Sorocaba é grata por tudo o que você fez pelo São Bento.

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