Dia da consciência negra e eu com isso

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Se você é daqueles que acha que a luta contra o racismo não é problema seu, acredito que no final de semana você começou a mudar de ideia pelo volume de exposição que a causa teve nas redes sociais e programas de televisão.

O ato que surpreendeu e por isso pegou quem estava assistindo desprevenido, ou seja, sem que estivesse com o espírito armado para a causa, foram os jogadores e árbitros da partida de futebol entre Corinthians e Santos pelo Campeonato Brasileiro na tarde de domingo. Momentos antes do apito que autorizava o início da partida, jogadores e árbitro se ajoelharam e levantaram as mãos com o punho cerrado.

O gesto é absolutamente incomum para quem não conhece a história dele. E muitos que estavam na frente da TV para ver mais um jogo, se perguntaram: Por que eles fizeram isso?

Coube a um emocionado Cléber Machado, locutor oficial dos jogos dos times paulistas na TV Globo, que detém os direitos de transmissão do campeonato, explicar que eles reproduziam a marca que ficou conhecida pelo movimento Panteras Negras (grupo que defendia a resistência armada contra a opressão dos negros, fundado em outubro de 1966, que nasceu prometendo patrulhar os bairros de maioria negra para proteger seus moradores contra a violência policial nos Estados Unidos).

No Brasil, a celebração do Dia da Consciência Negra é 20 de novembro e significa se engajar na luta de combate a forma como a sociedade trata quem tem pele branca e quem tem pele preta.

São 5 pontos críticos nessa luta:

Disparidade no mercado de trabalho: No Brasil, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mesmo que o nível de escolaridade seja semelhante, pessoas negras recebem um salário menor que pessoas brancas.

Violência: De acordo com Atlas da Violência, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), os altos números de violência letal contra a população negra são uma das principais expressões da desigualdade racial no Brasil. Em 2018, a população negra representou 75,7% das vítimas de homicídios no Brasil, com uma taxa de 37,8 mortes por 100 mil habitantes.

Violência Policial: Em 2019 o Brasil bateu o recorde de mortes causadas por intervenções policiais e 79,1% das vítimas foram pessoas pretas e pardas. Os dados são do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, que monitora o indicador desde 2013.

Dificuldade em continuar estudando: Embora a escolaridade no Brasil tenha avançado, ainda hoje existem 10,1 milhões de jovens que não completaram alguma das etapas da educação básica. Do total, 71,7% são pretos ou pardos. A principal justificativa para o abandono escolar é a necessidade de trabalhar.

Intolerância religiosa: As religiões de matriz africana, como umbanda e candomblé, são as que mais sofrem por intolerância no Brasil. Segundo dados do Disque 100, que monitora violações de direitos humanos no país, das 503 denúncias recebidas por discriminação religiosa, o maior número, 72, foi contra a umbanda, seguido pelo candomblé, com 47 casos.

Às pessoas de pele branca, como eu, de origem européia, continente que invadiu e dominou à força localidades que iam “descobrindo” pelo caminho por onde navegaram, cabe ter empatia, ou seja, sentir a dor de quem pele preta. Não cabe ao branco ocupar o lugar de fala do preto. Cabe ouvir a sua voz e interagir com eles.

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