O vereador Fernando Dini, presidente das Câmara de Vereadores de Sorocaba, disse que ele e seus pares vão “colaborar para que a cidade não padeça com a derrocada política” pelo qual vive Sorocaba.
No momento em que estão sendo analisados pela Secretaria Jurídica do Poder Legislativo um pedido de criação de Comissão Processante contra o prefeito de Sorocaba, José Crespo (DEM) e uma nova solicitação de abertura de Comissão Processante contra vice-prefeita de Sorocaba, Jaqueline Coutinho (PTB), entender o que pensa o político na linha sucessório para assumir o comando da Prefeitura de Sorocaba é absolutamente importante, uma vez que que – como se viu em 2017 – uma Comissão Processante tem o poder de tirar do cargo um prefeito ou vice que foram eleitos pela maioria dos votos.
Dini fez sua declaração ao explicar que o pedido de criação de Comissões Processantes, uma delas prevista para ser lida durante a 20ª sessão ordinária, na manhã de hoje, não poderia ser analisado porque novos elementos surgiram e necessitam de aval jurídico e, assim, transferiu para a próxima sessão, no dia 23 de abril, tais votações. E, segundo sua assessoria, assim se expressou integralmente: “Não podemos colaborar com a instabilidade política por qual passa a cidade. Além de não fazer nenhum pré-julgamento, essa Casa irá colaborar para que a cidade não padeça com a derrocada política”, afirmou o presidente.
Derrocada?
Segundo o dicionário, derrocada é substantivo, ou seja, não é adjetivo, ou seja, não é uma qualidade. Sendo substantivo é um fato que se explica de duas maneiras: 1. demolição (de construção humana ou natural); destruição, desmoronamento, desabamento. 2. Em sentido figurado, é a mudança brutal que leva a um estado de colapso, de ruína; queda acompanhada de decadência, degradação.
Uma semana depois da Operação Casa de Papel – ação do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado), braço do Ministério Público paulista; da Delegacia Seccional de Sorocaba, da Polícia Civil; e do TCE (Tribunal de Contas do Estado de São Paulo) – para investigar contratos entre a Prefeitura de Sorocaba e uma empresa voltada à terceirização de serviços municipais, cujo os valores excedem a R$ 25 milhões, seria a derrocada que fala o presidente? Ou o presidente se refere a fato anterior, que virou motivo de uma CPI na Câmara, que é o sentimento de afrontamento que a vice-prefeita, que membros do judiciário e também da polícia sentiram quando Crespo nomeou sua ex-assessora Tatiane Polis – pivô da briga entre o prefeito e a vice e que originou a cassação do prefeito em 2017 – para um cargo voluntário? Ou seriam os dois juntos? Pouco importa, está claro que Dini fala da derrocada de Crespo.
Há, obviamente, a percepção desse evidente mal-estar, vamos assim dizer, provocados pelos dois fatos (Operação Casa de Papel e CPI dos Voluntários) no meio político. Mas ainda há dúvida se o eleitor, se o sorocabano, enfim, se o cidadão comum, tem essa mesma percepção de, nas palavras do presidente da Câmara, derrocada. Se houvesse a certeza de que a percepção do cidadão e dos políticos estão em sintonia em relação aos fatos (Operação Casa de Papel e CPI dos Voluntários), teria sido feita hoje mesmo a leitura para a cassação do prefeito. Falta de tempo à Secretaria Jurídica é desculpa, ou quem não se lembra que um parecer saiu da mesma secretaria em minutos quando da decisão de trocar o vereador com direito a voto para a cassação de Crespo em 2017?
A verdade é que neste momento, dia 16 de abril de 2019, terça-feira, 13h44, Dini ainda não é o prefeito de Sorocaba. E embora tudo se encaminhe para ele ser, quem sabe o que vai acontecer até terça-feira, 23 de abril, às 10h, para mantê-lo onde está, na presidência da Câmara? Quem atirar a primeira pedra – como diz o ditado bíblico – poderá ser lembrado dos seus próprios pecados e, então, ao enfrentar o julgamento da opinião pública, nas urnas, em outubro do ano que vem, pagar pela decisão que for tomada agora.
Uma verdade apenas: o tempo corre…