E era tudo por um punhado de dólares

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Defensores de Bolsonaro (pessoas normais, não os súditos, fanáticos, cegos) do meu círculo de amizade estavam me cobrando a respeito de minhas publicações contra o comportamento do presidente em relação ao combate à pandemia de coronavírus.

Me acusavam de intolerância.

Quando eu rebatia o posicionamento deles, unanimemente todos tinham a mesma resposta: nestes 2 anos de governo Bolsonaro acabaram notícias de corrupção do governo no jornal e só isso já está bom. Eu sempre disse que não estava bom e que a falta de vacina (pela teimosia, negação, ideologia de Bolsonaro) tinha provocado tantas mortes, ao menos 350 mil das mais de 500 mil mortes pelo Covid-19.

Esses amigos, então, me chamavam de comunista, lulista, esquerdista… Enfim, eu achava que era apenas o modo como eu vejo o mundo e como eles vêm. Fomos nos afastando. Eu fui expulso de um grupo de whatsapp; de outro, fui me calando; de outro, embora presente, é como se estivesse ausente. Me cansei, confesso, de ver pessoas cultas, esclarecidas, empreendedoras, defendendo o indefensável. A gota de água do meu relacionamento com eles foi quando parei de chamar Bolsonaro de louco (os bolsonaristas gostam desse adjetivo) e passei a lhe dar o nome que merece: perverso.

O que nem eu e muito menos esses amigos bolsonaristas podiam imaginar é que o principal argumento deles (a ausência de corrupção do governo) ruísse quando a velha máxima do jornalismo “siga o dinheiro” foi posta em prática com eficiência e eficácia pelos jornalistas da Folha de S.Paulo. Decepcionou a todos a denúncia de que a vacina não era comprada por Bolsonaro porque havia gente do seu governo negociando 1 dólar de propina por cada vacina da AstraZeneca a ser comprada do fabricante. É apenas uma denúncia de jornal, ainda arriscam alguns defensores de Bolsonaro a dizer na tentativa de defende-lo. Mas a sustância de elementos envolvidos na denúncia já serve para corar de vergonha qualquer um que acreditava que neste governo não haveria mais este tipo de denúncia, tão comum nos governos passados em especial nos anos de Sarney, Lula e Temer.

Eu sempre achei que fosse crença, convicção de Bolsonaro, o uso de vermífugos para combater o vírus; sempre achei que ele acreditasse de fato que a vacina não salvaria vidas. E, na verdade, ele fez o que fez apenas por um punhado de dólares. O negacionismo era apenas uma cortina de fumaça.

Triste fim para esta história!

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