Os eleitores de esquerda aqui no Brasil usaram as redes sociais para fazer uma onda de alegria com a vitória de Gustavo Petro para presidir a Colômbia. Petro, em sua juventude, foi integrante do Movimento 19 de Abril (M-19), grupo guerrilheiro que buscava impor ideias por meio das armas. Petro tem perfil similar ao de Dilma Rousseff, também guerrilheira em sua juventude.
Outro fato histórico no país é a eleição do vice-presidente ser mulher, preta e líder sindicalista, Francis Márquez, sobrenome do seu conterrâneo Gabriel Garcia um dos mais famosos escritores do mundo.
Praticamente toda publicação dos esquerdistas brasileiros tinha um mapa com os presidentes de esquerda eleitos recentemente na América Latina. Uma espécie de contagem regressiva pela volta de Lula.
Mas a eleição de domingo na Colômbia também mexeu com os eleitores que desejam que o atual presidente brasileiro siga no cargo. Eles se aproveitaram do mesmo fato, a eleição colombiana, para fazer propagar a ideologia deles, ou seja, o medo. Eles passaram o dia de ontem alertando para o perigo que avança sobre o Brasil com a formação da Ursal (União das Repúblicas Socialistas da América Latina), um neologismo com a antiga URSS (União das Repúblicas Socialistas Soviéticas) ou com o Foro de São Paulo.
São provocações de lado a lado para reforçar as convicções de cada ideologia.
Porém, primeiramente é preciso distinguir o eleitor antibolsonaro do lulista, petista e esquerdista. Esse eleitor não é do partido e não compactua da força para diminuir a histórica desigualdade social do país. É o eleitor horrorizado com o péssimo comportamento de Bolsonaro de total desrespeito à liturgia do cargo para o qual foi eleito. É o eleitor que tem náuseas só de lembrar da falta de empatia do presidente, como ocorreu recentemente com a morte de Bruno e Dom. É o eleitor que não quer saber se o presidente se chama Luiz, Geraldo, Jair, Ciro… É o brasileiro que deseja paz para tocar sua vida.
Quem usa de qualquer fato, como a eleição colombiana, vive essa obsessão do noticiário político como o entretenimento preferido dos veículos de comunicação.
Foi o eleitor desta esquerda, confessadamente descontente e desconfiado por Lula ter escolhido um vice de centro, social-democrata, neoliberal, respeitado pelo deus mercado, como Alckmin, que empanturrou a rede social formando essa onda da contagem regressiva pela volta de Lula a partir da eleição colombiana.
O eleitor de extremadireita, lunático, se dedicou a compartilhar um vídeo do capitão Assunção (não faço ideia de quem seja e nem quero saber) dizendo que não existe democracia no Brasil, que as instituições e imprensa estão tomadas por esquerdistas e que basta o comandante dar uma ordem que eles estarão na rua para limpar o Brasil do comunismo.
Parece piada. É cômico. É um dejà-vu. Mas eles estão aí usando a eleição colombiana do mesmo jeito que a esquerda usa, apenas com cada um puxando a sardinha, no caso argumento, para o seu lado. Infelizmente a eleição de outubro próximo se tornou uma escolha entre a sanidade democrática (representada por Lula, Ciro e Simone…) e o lunático, fascista, mentiroso. Nada será pior do que o não-governante que está aí seguir no cargo. Nada!