Enquanto a assessora comissionada do prefeito Crespo, Tatiane Polis, como previamente agendado, prestava depoimento à CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Câmara que investiga se o prefeito prevaricou ou não quando a situação de seu diploma de ensino fundamental foi questionada pela vice-prefeita Jaqueline Coutinho, a própria vice-prefeita adentrou ao plenário. Ao final o depoimento dela também foi colhido após um instante de dúvida sobre a legalidade dele.
Vale lembrar que no exercício do cargo de prefeito a vice questionou se a assessora tinha diploma e elas discutiram; essa discussão foi relatada ao prefeito e no dia seguinte à discussão houve o racha entre o prefeito e a vice nos termos que já são conhecidos.
A CPI, vale ressaltar, por lei, tem que ter um foco e essa visa investigar e concluir se o prefeito prevaricou, ou seja, impediu que fosse investigada a denúncia da vice a respeito do diploma da assessora. Se a assessora agiu de má-fé ou foi vítima do colégio Cobra é outra conclusão que a CPI pode chegar. Mas à CPI resta saber se, conseguindo alguma prova da má-fé da assessora, o prefeito acobertou a situação ou impediu a investigação a respeito dessa má-fé.
Não há, no calor da oitiva, e sem a reflexão e releitura dos dois depoimentos, um julgamento isento. Há torcidas, ou seja, há quem veja má-fé da assessora e acobertamento do prefeito em investigar e, também, quem entenda que a assessora foi vítima do colégio Cobra e o prefeito seguiu a lei municipal que pede o diploma de nível superior dos comissionados e não seu histórico escolar, entendendo que essa investigação do histórico escolar cabe à instituição que expediu o diploma, no caso da assessora, a Esamc Sorocaba e o Ministério da Educação que atestou a legalidade do diploma de nível superior da assessora. Há quem entenda que a vice dá outra conotação a essa análise fazendo valer a moralidade que antecede o diploma de curso superior. Enfim, há posições e opiniões para todo gosto.
O fato é que os depoimentos renderam centenas (ou milhares) de comentários nas redes sociais e, como de hábito, manifestações de muita crueldade. Não apenas contra a assessora, mas também em relação a vice-prefeita.
Por fim, é importante ressaltar, qualquer que seja a conclusão da CPI, de prático, ele formaliza um encaminhamento ao Ministério Público e é nessa instância que será tomada a decisão de se apresentar ou não denúncia contra o prefeito a respeito do tema da CPI: o prefeito prevaricou no caso do diploma da assessora?
As 14 frases que resumem a CPI:
1 – Vereadora Iara Bernardi afirma que não é apenas a assessora do prefeito, Tatiane Polis, ouvida pela CPI, mas centenas de pessoas em Sorocaba que têm o mesmo diploma falso do supletivo da escola Cobra e que problema é da falta de fiscalização dessas instituições
2 – Vereador Irineu Toledo afirma que CPI foi formada para investigar prevaricação do prefeito e não para saber se a escola Cobra, onde a assessora fez o supletivo, é falsa e perguntou: como um aluno vai saber?
3 – Assessora de prefeito afirma que vice-prefeita Jaqueline Coutinho foi truculenta com ela e a chamou de mulherzinha que estava agindo de má-fé no dia que, exercendo o cargo de prefeita, a inquiriu sobre seu diploma de ensino fundamental
4 – Vereador Pérciles Régis sugere investigar o prefeito Crespo por ele não ter pedido investigação de denúncia de agressão da vice-prefeita contra assessora
5 – Vice-prefeita comparece ao plenário para assistir oitiva de assessora e ato é interpretado como político e combinado com oposição
6 – CPI tenta ouvir vice-prefeita e advogado de assessora, Joel Araújo, classifica ato de pegadinha em desacordo com lei; consultoria jurídica da Câmara diz que não é ilegal e poderia ser ouvida. Vereadora Fernanda Garcia, presidente da CPI, se mostra propensa a ouvir a vice-prefeita
7 – Líder do prefeito, Fernando Dini, e presidente da Câmara, Rodrigo Manga, sugerem que oitiva de vice seja feita com hora e dia marcado com antecedência para evitar que legalidade do ato, se feito sem comunicação prévia, vá à justiça; relator da CPI, vereador Hudson Pessini concorda.
8 – Prevalece a vontade da presidente da CPI e a vice-prefeita passa a ser ouvida. Ela faz retrospectiva a respeito do momento em que recebeu a denúncia de que assessora não tinha diploma até o dia do atrito entre elas
9 – Vice-prefeita disse quando estava conversando com a assessora Tatiane ela começou a chorar e afirmou que não havia razão de choro e que era para ela parar de se comportar como mulherzinha. Em seguida explicou que não falou mulherzinha na questão de gênero, no sentido de quem se esconde na questão de gênero, mas assumindo suas responsabilidades. A vice afirmou que a assessora deve fazer um boletim de ocorrência relatando que sentiu-se agredida por sua fala.
10 – O prefeito não me agrediu. Ele repeliu a minha mão. Afirmou a vice a respeito do prefeito em outro momento.
11 – O suposto uso de documento falso, falsidade ideológico, não interessa a administração. O que interessa é o diploma superior. Pasma-me um vereador falar isso: O que interessa é o fim e não os meios. A afirmação da vice-prefeita refere-se à fala do vereador Irineu Toledo.
12 – Estão me colocando como pivô de um problema quando eu não sou. Eu cumpri o papel correto. É inadmissível que nossa população tenha de viver num ambiente de novela mexicana, afirmou a vice-prefeita.
13 – Vice-prefeita entende que prefeito deveria ter afastado a assessora para fazer a investigação do diploma e durante o período de afastamento a assessora provaria a boa fé de seus diplomas.
14 – Houve prevaricação do prefeito? Perguntou o relator da CPI e a vice-prefeita afirmou: Deixo para o Ministério Público fazer essa colocação, eu não tenho elementos para essa análise ou qualquer afirmação nesse sentido.