A greve dos motoristas de ônibus de Sorocaba começou no dia 22 de junho, portanto há 34 dias, sendo que são 21 dias com a frota circulando de maneira reduzida. O noticiário tradicional, desde o primeiro dia de paralisação, segue depois desse tempo todo dando ênfase que a greve segue sendo pelo mesmo motivo pelo qual teve início, ou seja, o reajuste salarial dos motoristas de ônibus.
Há semanas isso ficou em segundo plano. A cada manifestação do prefeito Crespo e de Paulo Eustasia, presidente do sindicato que representa os motoristas, fica evidente que é a ideologia de cada um que está em disputa.
O prefeito martela a cada manifestação que os motoristas de Sorocaba têm o maior salário da categoria do Brasil (o que é fato, afinal entre salário e benefícios cada motorista recebe perto de R$ 4.7 mil por mês para uma jornada diária de 6h40) e que não vê sentido em conceder aumento real de salário ao motorista que é o que originou a greve uma vez que a reposição da inflação foi garantida.
O presidente do sindicato, quando afirmou na coluna O Deda Questão no Jornal Ipanema (FM 91,1Mhz) que o prefeito faria um favor à cidade se renunciasse ao cargo, coloca no extremo o que ele vinha dizendo de maneira menos explícita: o problema do aumento real ainda não ter sido concedido aos motoristas é responsabilidade do prefeito que é contra isso.
Câmara articula CPI
O resultado dessa divergência terá ações de cada lado a lado.
Do lado dos sindicalistas, dentro da Câmara Municipal, o vereador França (PT), que também é vice-presidente do Sindicato dos Motoristas, já iniciou conversações com colegas vereadores para criar a CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) dos Ônibus. Não será um grande desafio uma vez que para criar uma CPI são necessários 7 vereadores favoráveis a ela. Ele terá sucesso nisso. A questão, no momento, é que a CPI, por lei, precisa ter um objeto a ser investigado e hoje, ao menos, são três focos que preocupam os sindicalistas: 1) Subsídio que a Prefeitura repassa às empresas (o valor projetado para este ano chega perto de R$ 70 milhões); 2) valor da tarifa cheia (R$ 4,10) e os benefícios dados; 3) a investigação de que possa existir conluio entre o Poder Executivo e empresas.
FOTO: Paulo Estausia, presidente do sindicato que representa os motoristas de ônibus de Sorocaba, na manhã de hoje foi entrevistado no Jornal da Ipanema (FM 91,1Mhz) dentro da coluna O Deda Questão e deixou evidente que há uma divergência ideológica, acima do índice de reajuste salarial, no atual estágio da negociação salarial que faz a greve durar