Expulsão do PSDB do vereador licenciado que ocupa o cargo de secretário na atual gestão da prefeitura só será tomada depois que todo o diretório, e não apenas a executiva do partido, tome uma decisão a respeito

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Foro reproduzida do jornal Cruzeiro do Sul da reunião da Executiva do PSDB que está suspensa e será retomada para decidir a expulsão da legenda de Anselmo Neto

A reunião da Executiva do PSDB, para decidir se abre ou não um processo para a expulsão do vereador licenciado (atual secretário de Relações Institucionais e Metropolitanas da Prefeitura de Sorocaba) Anselmo Neto, está suspensa. Isso significa que será retomada do mesmo ponto que parou num próximo encontro agendado para o começo de abril. Não há um dia certo para essa sequência, mas me certifiquei que será depois da reunião geral do diretório municipal do PSDB que está agendada para o começo da próxima semana. Ou seja, os membros da Executiva terão de decidir não mais sobre o que eles pensam da situação, mas sobre o que pensa a maioria do partido.

O que significa essa estratégia?

Primeiramente, vale entender que coube ao ex-prefeito Pannunzio e ao presidente do diretório municipal do PSDB, João Leandro da Costa Filho, levantar a bandeira da expulsão de Anselmo Neto. Na visão deles, o sorocabano ao não votar no candidato do partido desejou o PSDB na oposição do prefeito eleito. Ou seja, não faz sentido um membro do partido fazer parte de cargo tão próximo do prefeito da oposição. Mais, fazer parte do staff de um prefeito adversário.

Em seguida, vale entender que essa compreensão de Pannunzio e João Leandro foi interpretada como sendo tomada pelo fígado, ou seja, sob a emoção da derrota do candidato (João Leandro) e do prefeito que deixava o cargo (Pannunzio) e não fez o sucessor. Ou seja, um membro do PSDB fazer parte do governo do DEM (ambos aliados em âmbito estadual e nacional) é normal e não motivo de expulsão na avaliação dos membros que são de outras alas do tucanato sorocabano.

Um terceiro ponto é que além de Pannunzio e João Leandro, a deputada estadual Maria Lúcia Amary (na coluna O Deda Questão no Jornal Ipanema – FM 91,1Mhz) também aderiu à tese da expulsão de Anselmo por entender que para ele fazer ou não parte do PSDB tinha pouca importância.

Um quarto ponto, vale lembrar, seria o vereador Anselmo deixar nas entrelinhas a mensagem de que para ele tanto faz fazer parte ou não do PSDB. Situação que o próprio Anselmo reverteu na manhã na sexta-feira passada, dia da reunião da executiva, ao falar na coluna O Deda Questão no Jornal Ipanema (FM 91,1Mhz) e dizer textualmente que não quer ser expulso e o partido é importante para ele.

O quinto ponto, havia uma expectativa a respeito de como seriam os votos dos membros da executiva. Os aliados dos vereadores (Martinez, João Donizetti e JP Miranda) queriam encerrar o assunto deixando Anselmo livre do processo de expulsão. Os outros acompanhariam o desejo de Pannunzio. Mas quem surpreendeu foi Válter José Nunes de Campos, chefe do gabinete da deputada estadual Maria Lúcia Amary, ao votar contra a expulsão de Anselmo. Pressionado, ele teria dito que a ocupação do cargo não é motivo para expulsão. Surpreso com o voto de Válter José, João Leandro encaminhou para a suspensão da reunião, o que foi da concordância de todos.

Como presidente, cabe a João Leandro retomar a reunião suspensa entre os 11 membros da executiva do partido (sendo que 9 foram à reunião). Mas cabe também a ele convocar a reunião de todo o diretório (formado por 45 pessoas) e ele já recebeu a dica para assim proceder. O objetivo é jogar sobre os membros da executiva o pesa da decisão de todo o diretório. Ou seja, se o diretório aderir a tese de Pannunzio, da expulsão, os membros da executiva terão como desculpa que atenderam a vontade da maioria.

Qual o risco da estratégia

Caso o diretório defenda a tese de que Anselmo deve ficar, ao menos o presidente da sigla, João Leandro, deixa senão o partido ao menos a sua presidência. O que se ouve no ninho tucano, entre pessoas ligadas a Pannunzio, é que a motivação inicial da expulsão de Anselmo, externada pelo ex-prefeito, ganha uma tese a mais: a de que o governo Pannunzio pode ter sido reprovado nas urnas, mas que manteve do início ao fim o respeito do sorocabano e que o governo Crespo já não tem a aprovação do eleitor e está longe de ter o respeito.

Essa visão explica bem que em jogo não está apenas a expulsão de um membro de um partido, mas o sentimento que lideranças políticas estão tendo do que pensa o sorocabano. Em jogo está a liderança partidária e quem serão os líderes da mudança que o sorocabano quis ver na urna. Sem grande guinada de direção, é verdade. Do contrário teriam colocado Raul Marcelo ou Glauber Piva no comando da cidade.

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