O prefeito Crespo vai precisar de mais tempo, e mais relacionamentos, para convencer seus críticos de que mudou nesta nova fase como prefeito de Sorocaba.
Como mostrei em postagem anterior, sobre o contato por cerca de 45 minutos com que eu tive ele em sua sala, senti um prefeito bastante sereno, calma e focado em Conciliação, Distensão e Participação. Termos usados por ele mesmo para explicar o que tem feito desde que voltou ao cargo no dia 6 de outubro.
Os ouvintes da coluna O Deda Questão no Jornal Ipanema (FM 91.1Mhz) não escondem sua desconfiança e sempre se baseiam num mesmo argumento, o de que ninguém muda ou de que ninguém muda em 43 dias (tempo em que ele ficou fora do cargo) ou de que ele está apenas de convalescença (período de transição depois de uma enfermidade, no qual se processa a recuperação gradativa das forças e da saúde). Uma ouvinte usou essa expressão que uso para explicar esse sentimento que percebo entre os ouvintes em geral: O Crespo só está dando uma de bonzinho porque está no cargo sob efeito de liminar. Será que se ele ganhar no mérito vai continuar assim? Em 43 dias ele mudou sua personalidade?
O próprio prefeito reconhece que este termo convalescença não é de todo errado, mas discorda de que esteja fingindo ou tenha mudado a personalidade. “Me adaptei a uma cultura política, quis fazer tudo sozinho e entendi que isso não é o melhor nem para mim e nem para a cidade, mas sou o mesmo”, me disse ele.
No último dia do mês de outubro, a vice-prefeita Jaqueline Coutinho (pivô do processo que levou à cassação do mandato de Crespo) concedia ao vivo entrevista sobre os seus 43 dias como prefeita quando a vereadora Iara Bernardi se manifestou: “Pergunta se ela já instalou o Botão do Pânico no gabinete dela? É bom prevenir”. É evidente o tom de deboche da vereadora que revela sua desconfiança sobre essa nova fase do prefeito de estar conciliado com a vice.
Hudson Pessini, vereador do PMDB e líder do processo de cassação do mandato de Crespo, logo após ele ter voltado ao cargo deixou evidente que estava desconfiado do que viria pela frente: “(os vereadores) estão observando as movimentações (…) do que adianta uma proximidade e nos próximos dias esse discurso de Crespo cair por terra em virtude de péssimas posturas como foi na primeira fase do Governo dele”.
Na manhã desta terça-feira, na votação do Orçamento (leia postagem a seguir), essa desconfiança se mantém e isso fica claro na frase do vereador Péricles Régis (PMDB), outro membro da comissão de Orçamento da Câmara, que defendeu a retirada das emendas por “cautela e para evitar a possibilidade de qualquer manobra” por parte do Executivo.
FOTO: Vereador Péricles Régis defende cautela e vê possibilidade de manobra por parte do Executivo na aprovação do Orçamento 2018