Falta de espontaneidade dos 5 candidatos a prefeito de Sorocaba não deixa decolar o debate da TV Tem, o último momento dessa campanha eleitoral. Eleitor que estava indeciso em quem votar, após o debate, seguiu com a sua dúvida

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debate1O último momento da campanha política das eleições municipais de Sorocaba foi o debate promovido pela TV Tem, uma tradição da Rede Globo de Televisão (a quem a TV Tem é afiliada) desde o momento da reabertura política no Brasil na década de 80. Historicamente este debate tem um peso que mexe nas intenções de voto. Talvez o momento mais marcante, em Sorocaba, tenha ocorrido na eleição de 2004 quando o então candidato Vitor Lippi surpreendeu a todos (incluindo a sua assessoria) e decidiu não responder questionamentos do então candidato Crespo. Eles haviam trocados farpas e Lippi entendeu que Crespo não merecia sua atenção. O resultado foi quase catastrófico, Lippi perdeu de 5 a 7 pontos que foram transferidos ao então candidato do PT, Gabriel Bitencourt, que por muito pouco não passou Crespo indo ao 2º turno. Na eleição de 2012, no debate de 2º turno, o péssimo desempenho do então candidato Renato Amary é um dos fatores que ajudam a explicar a sua derrota ao eleito Pannunzio, apesar do seu franco favoritismo.

Por razões como essas da história, pelo fato de um quarto do eleitorado (exatos 24% segundo a pesquisa Ibope/TV Tem do dia 15 de setembro) ainda demonstrar Nenhum Interesse por esta eleição e conseqüentemente 27% (em 15 de setembro) ainda estarem com os votos indefinidos que o último momento dessa campanha, o debate da TV Tem, chegou cercado de expectativas. O que se viu, porém, foi o peso desse momento sobre os ombros de cada um dos cinco candidatos. Faltou espontaneidade a cada um deles.

 

O que mais me chamou a atenção foi que Crespo não ter sido Crespo. Líder isolado nas pesquisas, Crespo teve uma preocupação excessiva em não cometer erros. Não cometeu, mas também não avançou. Ele leu tudo o que disse, até sua despedida.

 

O que me surpreendeu, e até frustrou, foi o desempenho abaixo do que vinha desempenhando de Glauber Piva (PT). Ele já havia ido em outros debates de paletó, mas sua marca foi a camisa jeans e ele apareceu de paletó na TV Tem. Fora isso esteve muito nervoso a ponto de ter passado a mensagem de ironia. Foi minha percepção e de outros que assistiram.

 

Hélio Godoy já havia sido estressado na entrevista na rádio Ipanema na quarta-feira no encerramento da segunda rodada de entrevistas com os candidatos e no debate esteve ainda mais pilhado. Nem conseguiu administrar o tempo destinado para fazer pergunta. Na despedida achou que era para fazer pergunta. Quando se dirigiu aos outros sempre esteve em busca de alguma polêmica e crítica.

 

João Leandro deixou transparecer que tinha vontade de dizer algumas coisas, mas estava fechado no script para dizer o que havia sido combinado com sua assessoria. Deixou uma errada impressão de não mandava no que estava dizendo. O debate era seu grande momento para chegar ao 2º turno e ele deixou isso claro em cada uma das intervenções que fez. Pode que ele esteja no 2º turno com Crespo, que já está lá, mas pode ser que falte um pouquinho.

 

Raul Marcelo não brilhou, mas na minha opinião foi o que menos se prejudicou (e por isso pode ter sido beneficiado) quando se avalia o saldo final do debate. Se comportou didaticamente dentro do enquadrado produto que vendeu ao longo de todo o processo eleitoral. A campanha, e principalmente este último debate, não faz ninguém acreditar que ele seja alguma espécie de lobo-mau que come criancinha, ou seja, que sendo eleito prefeito alguma comunista esteja no comando da cidade como seus mais ferrenhos críticos propagam anonimamente nas redes sociais. Pode ser que ele ainda seja o adversário de Crespo no 2º turno como já indicava a pesquisa Ibope/TV Tem de 15 de setembro.

 

A falta de espontaneidade não deixou o debate decolar. Ficou um gosto de decepção. O eleitor que estava em dúvida em quem votar, na minha opinião, chega às urnas neste domingo com a mesma dúvida. A conseqüência disso pode ser uma aumento exponencial no número de votos Brancos e Nulos.

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