O inverno chegou na última terça-feira e ninguém lhe atribuiu algum significado. Chegou como chegam os dias, qualquer um deles, sem alarde.
Estamos (a sociedade em geral) sob a nova estação do mesmo jeito que estamos submersos nos fatos que nos assombram: uma juíza incapaz de decidir sobre a gravidez de uma criança de 10 anos; um ministro preso por corrupção no “governo sem corrupção”; o Palmeiras ganhando todas; as luzes dos postes sorocabanos acesas durante o dia e apagadas à noite…
A nova estação, o novo dia, os novos fatos seguem sem capacidade de sacudir a nossa (da sociedade) inércia dicotômica iniciada em 2013 quando jovens se revoltaram com os 20 centavos de aumento na passagem de ônibus. De lá para cá se foram nove anos e nada, absolutamente nada, indignou mais ninguém. A gasolina pulou de R$ 2,38 para E$ 6,79 e seguimos (a sociedade) enchendo o tanque. Bovinamente!
Estarrecido, recebi de um amigo a postagem de outro onde o sujeito, certamente por teimosia, dizia preferir pagar R$ 10,00 no litro da gasolina a votar no PT. Fosse esse sujeito um dos acionistas da Petrobras que recebeu algum dos 24 bilhões de dividendos pagos a quem tem ação da estatal haveria algum sentido. Mas é um idiota apenas. Que teve seu bom senso corrompido nos últimos 9 anos.
Os números dos gráficos (vale lembrar que um gráfico é da cultura, ou seja, feito por algum ser humano) estão excelentes. Pelo gráfico, nós (a sociedade) não estamos devendo nenhuma parcela do carnê; comemos 4 refeições por dia; jantamos em restaurantes; vamos viajar para onde programarmos (no Brasil ou fora) nas férias (porque somos CLT e não Eireli); e vamos dar o Sedan como entrada para nossa SUV, afinal o preço da gasolina está incorporado no orçamento doméstico.
Fora do gráfico… Ahhh, fora do gráfico…
O brasileiro é gente ruim, não morre. Vocês sabem que só gente ruim não morre, né! Se tirar essa gente do gráfico estamos (a sociedade) todos bem.