Depois de apresentar o Plano de Assistência Emergencial aos Imigrantes Venezuelanos que vêm em massa daquele país ao Brasil, via a fronteira de Roraima, na sede do Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas), representantes do Ministério da Casa Civil da Presidência da República ministraram no Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo) o seminário “Nova Lei de Migração: Uma Janela de Oportunidades” com o objetivo de esclarecer as possibilidades e os benefícios da contratação de pessoas estrangeiras que vivem no Brasil.
O encontro foi uma realização do Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), Ciesp, Governo Federal, Acnur (Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados) e o Pnud (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento) e reuniu cerca de 80 empresários e representantes do governo municipal, estadual e sociedade civil sorocabana.
Vocação econômica
De acordo com o diretor titular do Ciesp Sorocaba, Erly Domingues de Syllos, o Ciesp e a Fiesp foram contatados pelo governo federal e pela própria ONU para verificar o que é possível fazer em termos de geração de emprego em cidades mais industrializadas. “Nossa proposta é coordenar uma triagem dessas pessoas, verificando o perfil delas e como elas se encaixam na vocação econômica das 28 cidades que fazem parte da região metropolitana de Sorocaba. Este trabalho está sendo feito pela iniciativa privada em parceria com os governos federal, estadual e municipal”, explicou Syllos.
Contexto humanitário
Segundo a Assistente Sênior de Proteção do Acnur, Sílvia Corradi Sander, hoje o Brasil é o quinto país em termos numéricos de recepção de venezuelanos e estima-se que mais de 110 mil pessoas já entraram por nossas fronteiras, sendo que cerca de 50 mil desejam permanecer no país. “Em primeiro lugar estamos trabalhando para dar uma resposta emergencial ao grave contexto humanitário, garantindo condições básicas de saúde e abrigo para as pessoas que estão chegando ao país e em um segundo momento nosso objetivo é apoiar a iniciativa do governo brasileiro de interiorização destas pessoas. O estado de São Paulo e a cidade de Sorocaba foram identificados como localizações que podem gerar oportunidades não apenas de integração para aqueles que chegam, mas também de incremento de produtividade e de diversidade cultural”, destacou.
Crise séria e delicada
Para o Gerente de Projetos e Subchefe Adjunto Substituto de Políticas Sociais da Subchefia de Articulação e Assessoramento da Casa Civil da Presidência da República, Luiz Coimbra, eventos como o que foi realizado no Ciesp Sorocaba são importantes para humanizar o acolhimento que está sendo dado aos imigrantes. “Essa crise é séria e muito delicada. O governo federal tem se preocupado com a atual situação migratória e busca trabalhar em parceria com todos os órgãos de forma a atenuar a conjuntura e dar condições dignas para as pessoas que querem permanecer no Brasil”, disse Coimbra.
Casos bem-sucedidos
Durante o evento, além de uma palestra sobre a Nova Lei de Migração feita pelo Auditor-Fiscal do Trabalho e Coordenador de Apoio ao Conselho Nacional de Imigração do Ministério do Trabalho, Luiz Alberto Matos dos Santos, os participantes puderam conhecer experiências bem-sucedidas de empresas que contrataram trabalhadores imigrantes.
É o caso da Diretora Geral da Projeto RH, Eliane Franco Figueiredo, que falou sobre a inserção de refugiados no mercado de trabalho. “Ao contratar um refugiado é importante verificar a necessidade da empresa e se aquele candidato tem as qualificações necessárias para o perfil da vaga. Também recomendamos utilizar os serviços de uma ONG especializada e fazer um trabalho de sensibilização da equipe, visando quebrar tabus e preconceitos. As vantagens são que essas pessoas têm muito boa vontade e valorizam a oportunidade que recebem. Elas falam outros idiomar e geralmente têm um bom nível de escolaridade, promovendo deste modo, o intercâmbio cultural na empresa”, destacou Eliane.
Já o Gestor Voluntário do Parr (Programa de Apoio para Recolocação de Refugiados), Vinícius Paris, explicou que o programa é responsável por cadastrar e coletar informações de todos os imigrantes venezuelanos em São Paulo e passar as informações para o Acnur e demais parceiros envolvidos. “A pessoa não é refugiada, ela está refugiada por uma situação alheia a sua vontade. Desde 2011, o Parr já registrou 2.163 refugiados e encaminhou para 265 empresas parceiras, resultando na contratação de 226 pessoas”, observou Paris.
Encerrando o evento, participaram do Diálogo com Autoridades sobre Nova Lei de Migração e as Implicações Trabalhistas, o Presidente do Conselho Nacional de Imigração e Coordenador-geral de Imigração/ Ministério do Trabalho, Hugo Gallo; o Secretário da Divisão de Imigração/ Ministério das Relações Exteriores, Gaétan Spielmann Moura e a Chefe da Divisão de Processos Migratórios da Secretaria Nacional de Justiça/ Ministério da Justiça, Martha Pacheco Braz.
As empresas do setor industrial interessadas em saber mais sobre o assunto e ter esclarecimentos sobre como contratar um imigrante, podem entrar em contato pelo email [email protected].