Jair tem razão. Eu sou idiota!

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Quando vi que Jair, o presidente, havia me chamado de idiota (certamente também o classificou assim, leitor, se você é dos brasileiros que evitam aglomeração, usam máscara, desejam a vacina contra o Covid, lavam bem as mãos e usam álcool em gel) me lembrei automaticamente do livro “O Idiota”, do escritor Fyodor Dostoievski.

A ideia principal de Dostoievski em “O idiota”, dando voz ao protagonista da história, Lev Nikolayevich Mishkin, é o de descrever a beleza de um ser humano comum, com uma visão própria de todos que o rodeiam, um ser que carrega semelhanças com Jesus Cristo, mas mantém traços idiotas de Don Quixote, explica Luiz Guilherme de Beaurepaire, mediador e produtor de conteúdo para palestras, cursos, conversas e debates sobre literatura, história e linhas do pensamento contemporâneo, na resenha publicada no endereço https://www.bonslivrosparaler.com.br/livros/resenhas/o-idiota/5081. A base do romance é Michkin, explica Luiz Guilherme, que não é um homem brilhante, mas uma pessoa boa, honesta, simpática e agradável. Por essa “ingenuidade” todos o veem como um idiota (…) Michkin, aceita a afronta, o insulto, e está sempre pronto a aceitar toda a culpa, chamando para si toda a responsabilidade (…).

Jair tem razão. Eu sou idiota!

E peço que você, caro leitor, também veja se não és idiota. Afinal, desde antes dele ser eleito, eu aceito a sua afronta (idolatria ao torturador), seu insulto (negando o perigo da Covid e levando mais de 430 mil brasileiros às morte precocemente) e, embora não tendo votado nele, aceito a culpa por ele ter sido escolhido pela maioria… pa-ci-fi-ca-men-te… Sim, como um idiota, não me rebelo. Vejo a maioria dos vereadores de minha cidade natal, que escolhi para seguir vivendo, lhe dar a “honraria” de título de cidadão, e no máximo escrevo um texto, dizendo que não me reconheço no ato dos vereadores. Vejo o movimento #eunaoaceito, igualmente, aceitando a culpa. Nada mais fazemos. Ah, sim, comemoramos no whatsapp quando a justiça, momentaneamente, barra a escola militar em Sorocaba, quando o MP age para impedir a propaganda (não a medicação) do kit-covid, quando uma senadora da bancada rural tira sarro de um ministro na CPI. Comemoramos…como um idiota.

Viva Dostoievski!

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