Jornalista me chama a atenção para um outro lado da prisão de almirante da Marinha

Compartilhar

Conversei com o jornalista Geraldo Bonadio (presidente da Academia Sorocabana de Letras, que por mais de três décadas assessorou a diretoria executiva da Fundação Ubaldino do Amaral, mantenedora do jornal Cruzeiro do Sul, e que hoje é consultor do prefeito Pannunzio) e falamos da surpresa da prisão do presidente licenciado da Eletronuclear, o almirante reformado Othon Luiz Pinheiro da Silva, acusado de receber R$ 4,5milhões em propina nas obras de construção da usina de Angra dos Reis (RJ). Bonadio teve influencia na decisão do Cruzeiro do Sul em liderar a campanha contra Aramar na virada das décadas de 80 para 90 em Sorocaba. O comando de Aramar, fale relembrar, era de Othon na época. Bonadio me disse que mantém fortes elementos em sua convicção de que Aramar deveria ter sido em outro local, mas que hoje reconhece a importância científica do projeto do submarino nuclear e, obviamente, a questão de segurança nacional diante do projeto de exploração de petróleo no nível de pré-sal. Defendi que a prisão de um almirante, mesmo na reserva como Othon, demonstra como está sólida a democracia e que num regime de exceção seria impensável algo dessa natureza. Bonadio concordou comigo e também vê este avanço. Mas  Bonadio, hábil como é em pensar o outro lado de uma questão óbvia, me chamou a atenção para um aspecto que não tinha pensado, ou seja, de que uma pessoa com a história e importância de Othon (assim como Bonadio eu também me lembro da austeridade e seriedade de Othon) não se venderia por alguns milhões. Ele entende, e concordo com ele, que essa prisão mereceria uma investigação mais aprofundada até pela contribuição de Othon para a história geopolítica do Brasil pelo que fez em Aramar e na Eletronuclear. Fica a hipótese: já se imaginou que por trás dessa desmoralização de Othon não há uma arquitetura internacional interessada que o Brasil fique estancado em sua pesquisa na área nuclear? Othon, bom ao menos aquele Othon que entrevistei 25 anos atrás, merece essa dúvida. Concordo com Bonadio, ele não jogaria seu nome e sua história no lixo por dinheiro algum.

Comentários