Absolutamente quase nada se sabe sobre o massacre dentro da Catedral de Campinas, ocorrido há cerca de quatro horas neste momento em que escrevo essa postagem. Sabe-se apenas que um homem entrou durante a missa que acontecia no local, matou quatro com tiros, escolhidas aleatoriamente, e se matou em frente ao altar. Ele tinha uma pistola e um revólver calibre 38.
A motivação do massacre não foi esclarecida. A polícia tenta entender as motivações que levaram ao fato: “A maioria idosos, pessoas inocentes, e ele [suspeito] acabou disparando contra todas essas pessoas. A cena é desesperadora, uma tragédia muito grande”, disse o guarda Alexandre Moraes aos jornalistas.
Somos acostumados (e é essa mesma a palavra, costume) a ver tais massacres nos Estados Unidos. Um fenômeno que começou em 1949, em Camden, em Nova Jersey, quando foi registrado um dos primeiros ataques a tiros no país – o ex-militar Howard Unruh disparou contra seus vizinhos, matando 13 pessoas. Nas décadas seguintes, o número de vítimas foi aumentando: 16 em Austin, no Texas, em 1966, e 21 em San Ysidro, na Califórnia, em 1984. Ultimamente são absolutamente corriqueiros esses massacres.
Fácil acesso às armas
Depois de um massacre a tiros em 1987, o Reino Unido impôs leis severas de controle de armas, mesma decisão tomada na Austrália depois de um incidente em 1996.
Nos Estados Unidos a sociedade parte da suposição de que as pessoas têm o direito inerente à propriedade de armas, ou seja, impensável tirar de alguém um direito que lhe é inerente.
No Brasil, especialmente entre os simpáticos ao presidente eleito Jair Bolsonaro, é usual o argumento de que aqui apenas o bandido tem direito a ter armas e que as pessoas de bem são reféns.
A verdade é que um massacre choca. E um perto da gente choca mais!
Confesso que estou abalado pelo ocorrido em Campinas, cidade onde reside uma de minhas irmãs com sua família, a mãe da minha filha mais velha, e ao menos uma dúzia de amigos. Fiz minha graduação na cidade, ou seja, local onde passei alguns dos meus melhores anos. Fui a muitas missas na Catedral, palco da tragédia. Tudo isso apenas aumenta o meu choque diante desse fato.
Ainda assim tento entender as razões por trás de ato tão covarde. No caso de Campinas, há o simbolismo de se matar dentro da “casa de Deus” e depois se matar no altar, espaço reservado ao principal comando da igreja.
Sei que perguntas martelam dentro de mim: O massacre de Campinas é uma exceção ou o indicativo do nosso futuro? Há uma tendência perturbadora ou apenas o ato isolado de um maluco? As respostas evidentemente são bastante complexas e quem se arriscar a tentar explicar corre o risco de não chegar a lugar algum. Ao menos nesse momento em que o fato ainda está tão quente.
De verdade, espero que tenha sido um ato isolado. E que ajude a acalmar a sanha daqueles que querem tanto mexer no estatuto do desarmamento.