“Me arrependo até o último fio de cabelo de ter votado nesse traste”

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Dois PMs (Policial Militar), um da reserva e outro da ativa, amigos, conversavam num tom de voz normal dentro do vestiário do clube e, sem eles perceberem, de repente já estavam falando bem alto.

Eu que já prestava atenção no assunto, agradeci pois nem de concentração mais precisei para entender o que eles diziam: 1) Me arrependo até o último fio de cabelo de ter votado nesse traste (sic); 2) Vagabundo e sem vergonha; 3) Se ele é contra a vacina, não deveria incentivar os outros a não tomar; 4) sou antipetista, mas se fosse o Lula essa vacina já estaria aqui; 5) só porque ele pegou, acha que todo mundo se salva; 6) votei no Márcio França, mas esse Dória pelo menos está buscando uma vacina; 7) só resta rezar para Deus nos proteger e nos livrar desse sem vergonha…

Em resumo, foi essa a conversa dos dois. Eles deixaram claro que acreditavam em Bolsonaro e hoje não escondem a decepção e um evidente arrependimento em ter-lhe dado crédito. Falaram que ele é igual os outros e também rouba e estão convencidos que os três filhos (Flávio, Eduardo e Carlos) estão enfiados até o pescoço em falcatruas.

Essa conversa me fez entender como falta inteligência emocional para Bolsonaro. Ele ganhou a eleição em 2018 por se viabilizar como o antiPT e com um foco bem claro de guerrear o “comunismo” (????). Seu plano estratégico parecia bem definido e ele bem treinado para alcançar o seu objetivo. Mas o mundo mudou. A pandemia transformou qualquer lógica que existia até o começo de 2020. O negacionismo de Bolsonaro me parece muito mais uma dificuldade dele em aceitar que há uma nova realidade. Ele tenta convencer todos de que tudo está igual para que sua estratégia de guerra e poder possam ser praticadas. Mas os fatos (mais de 200 mil mortes apenas no Brasil e mais de 8 milhões de infectados) suplantam o discurso. O povo (os 2 PMs da conversa que testemunhei) percebeu isso e quer a vacina, quer proteção, quer ser cuidado.

O que mais me dói é ver brasileiros, muitos colegas, ainda defendendo que tudo não passa de uma gripezinha que pode ser tratada com remédio para vermes na barriga. Sinto um oco quando vejo amigos fazendo defesa dessa anticiência, zombando da vacina “do Dória” ou “da China”, fazendo piadas sobre a porcentagem da sua eficácia quando deveriam agradecer. A melhor vacina é aquela que chega primeiro no braço do paciente disse um infectologista dia desses numa entrevista e qualquer pessoa em sã consciência deveria entender isso.

Ninguém pode prever os acontecimentos antes que haja uma vacinação massificada em todo o Planeta no que diz respeito à preservação da vida, da sanidade mental, do emprego, do modo de cada um se sustentar, da própria economia girar. Mas, não me resta dúvida, que o eleitor vai levar isso em conta em 2022. O que para mim é um fiozinho de esperança.

É evidente que o Estado de São Paulo, e cada um dos seus municípios por consequência, está sofrendo uma segunda onda do Coronavírus. Enquanto não houver vacina, portanto, nos resta se proteger evitando aglomeração, usando máscara, álcool em gel e evitando de levar as mãos à boca e aos olhos.

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