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No vestiário do clube, cinco homens estão nus no chuveiro, quatro são sócios e o quinto é um pedreiro que há 30 anos trabalha local, todos falam de uma obra em curso no clube quando o assunto descamba para Lula e Bolsonaro.

O pedreiro, que também é evangélico, começou um discurso sobre os riscos para a economia caso Lula vença. Os investimentos vão acabar, disse ele. Não vai ter mais obra. Vai acabar o emprego. Seu tom, verdadeiramente, denota medo.

Uma cena non sense.

Eu era um dos cinco homens no banho. Foi constrangedor.

Não era o dono de uma construtora falando, mas o pedreiro que vai trabalhar de bicicleta. Pois eu já vi que esse é o seu meio de transporte. 

Certamente aquele pedreiro, dentre aquelas pessoas no chuveiro, é a que mais precisa do Estado em sua vida. E a escolha entre Lula e Bolsonaro passa, muito, por essa temática. Os empresários temem que num eventual governo Lula ocorra retrocesso nas leis trabalhistas ao patamar anterior ao da reforma feita no governo Temer.

O fato é que uma mensagem para ser eficiente e eficaz precisa ser coerente com o mensageiro. O conteúdo da fala do pedreiro é ilógico. Mas a forma, essa sim, sua grande mensagem, o medo, penso que possa vir a ser eficiente.

A verdade é que o eleitor está sentindo o peso do voto nesta polarização do 2°turno como nunca antes havia sequer imaginado. É nítido que ele percebeu só agora que sua contribuição tem importância no futuro. 

Há muita gente confusa pelo medo, ou seja, com a sensação desagradável desencadeada pela percepção de perigo, real ou imaginário. Essa confusão é que vai selar o futuro dos brasileiros.

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