Não existe livro sem leitor

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Hoje encerro o ciclo de gestação de “O Filho do Açougueiro” com a entrega dos exemplares às mais de duas centenas de amigos que compraram o livro antecipadamente. Das 18h às 21h eu vou autografá-lo, a quem quiser, obviamente.

Marcos Boi e Eraldo Basso vão nos agraciar com sua música durante esse tempo, fazendo, certamente, do ambiente um lugar mais agradável. Propositadamente o lançamento do livro acontece no Pé Vermeio, bar recém-inaugurado do Fernando Bera que leva esse nome para homenagear seu avô e todos sorocabanos que pisaram o barro num tempo bem distante do atual onde as ruas da cidade estão perto dos 100% impermeabilizadas pelo asfalto. No lugar do bar, muitos anos atrás, funcionava um açougue.

O que eu espero agora, ao final desse processo?

Que leiam o livro. Apenas isso. Não espero que gostem. Não espero que postem em suas redes. Nem que comentem com os amigos. Mas não vou achar ruim se assim fizerem. Vou gostar na verdade. Mesmo que sejam opiniões que massacrem o livro. Provavelmente prefiro que seja assim, pois lido melhor com pedradas do que com elogios. 

O livro, a estória que está em “O Filho do Açougueiro”, não é mais minha há alguns anos. É gigante o deley que existe entre O Fim, quando eu decidi parar de reescrever a estória, e a Marina Ruivo, da Garoupa Editora, pedir para publicá-lo. Maior, ainda, é o deley até a gráfica entregar os exemplares e eu os entregar hoje, no evento da noite. Eu nem tenho mais certeza do que estão nessas páginas. Nem quero saber, pois iria mudar mais alguma coisa. 

Desde o lançamento do livro, em São Paulo, em março, recebi um único retorno de leitura, vindo de meus primos paternos, que me alegram ao me mandar uma foto deles quatro com o exemplar na mão, comprado diretamente do site da Garoupa e recebido em casa: “Gostamos do livro, rápido, letras maiores e boa história!!! Parabéns”, me escreveu o Petrônio.

Não sei mais nada sobre o que pensam do livro. Claro que gostaria de saber. É horrível ser ignorado. Gosto de pensar que as pessoas simplesmente não leem mais, o que é fato, a terem lido e se arrependido, preferindo o silêncio. Não sei qual das alternativas é a certa. Não sei, também, o que fazer para ser lido. Só sei que o livro vai existir se vier a ser lido. Não existe livro sem leitor.

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