Faltam exatamente 363 dias para as eleições do primeiro domingo de outubro de 2022 (dia 2) quando o brasileiro voltará às urnas para escolher o presidente da república, os governadores dos estados, os deputados federais e estaduais e os senadores. Ou seja, hoje é o primeiro dia do resto de nossa vida.
Este, aliás, é o título do livro da inglesa Kate Eberlen (Editora: Arqueiro, 432 páginas, publicado no Brasil em 2016) que tem muitas qualidades, mas certamente o seu título é a maior delas, pois todo dia é o primeiro do resto de nossas vidas sejam quantos dias ainda reste a cada um de nós. É um título, em si, filosófico, dramático, instigador.
Se fosse resumir a história desse livro, eu diria que narra em tom de retrospectiva (lembrança das personagens sobre suas vidas) a história de dois jovens com as culturais aspirações de realização pessoal, “feitos” um para o outro, cujo a competência da autora leva o leitor a seguir até o fim para saber se eles ficam juntos.
Mas o livro é muito mais do que isso, é sobre o que vivemos em qualquer época em relação às angústias que permeiam a série de tomadas de decisões que são impostas em todas as fases de nossa vida. Um exemplo, é em quem votar. Estamos em contagem regressiva.
Victor Trujillo, fundador do Instituto de Pesquisa Sorocaba (Ipeso), há 30 anos trabalhando com eleições, foi meu convidado de hoje no programa O Deda Questão na radioweb 365 (https://www.youtube.com/watch?v=0-fyhC8syVs) . Foi um bate-papo técnico, franco e que dá a dimensão do que vem pela frente.
O cenário atual coloca em oposição duas lideranças cujos os nomes se traduzem num movimento: De um lado os lulistas e do outro os bolsonaristas, cada um deles representando em torno de 20% do eleitorado. Um número para lá de suficiente para colocar os dois no 2º turno da eleição. Resulta dessa crença nesses extremos a dificuldade de uma chamada terceira via. O eleitor quer votar em quem tem viabilidade, em que demonstra chance de vencer e mudar ou manter.
Em resumo, O Primeiro Dia do Resto da Nossa Vida significa cada um de nós decidir se desejamos manter o que está aí ou mudar e se for por mudança se queremos o que já conhecemos por ter sido presidente ou queremos experimentar alguém que nunca se sentou na chefia do Poder Executivo nacional.
Bolsonaro (por suas incompetências, inexperiência e ter sido atingido, como todos em o todo o mundo foram pela pandemia) patrocinou a volta da inflação, derreteu o poder de compra do trabalhador e levou 2 milhões de pessoas da pobreza para a extrema-pobreza. São fatos. Ele terá discurso para convencer alguém a mantê-lo no cargo, de que não teve culpa, de que se isso ou se aquilo ele teria feito diferente… A proporção com que ele caí em descrédito e seu governo é reprovado é a mesma que sobe a rejeição ao seu nome.
Há quem defenda que se Bolsonaro insistir em sua candidatura, ele elegerá Lula e que sua saída da disputa derreterá a candidatura do petista abrindo, enfim, o hoje improvável caminho de uma terceira via. Ciro Gomes, por enquanto, está sozinho nesta toada. Ele ignora Bolsonaro e ataca Lula. Os lulistas, por sua vez, polpam Bolsonaro e atacam Ciro. O adversário dos sonhos de Lula é Bolsonaro e vice-versa.
E o seu candidato dos sonhos, quem é? Volto a te lembrar, hoje é o primeiro dia do resto da nossa vida. Você pode adiar até o ano que vem essa decisão, mas é bom ir pensando nela desde já para ser o mais assertivo possível.