Ao se levar em conta a lógica e argumentos das críticas que estão sendo feitas ao governo Manga sobre o momento do rodízio do fornecimento de água em Sorocaba (previsto para ser anunciado no dia 12, três dias depois do prefeito retornar ao trabalho após as férias em que ele se encontra desde o dia 1º), o prefeito está certo em sua decisão.
Primeiramente, quem faz as críticas: ex-assessores da prefeita Jaqueline Coutinho (declaradamente oposição ao atual governo); assessores do presidente do Sindicato dos Metalúrgicos (que é candidato a deputado pelo PT); além de militantes do PT e PSOL.
Quais as críticas: é tardio e negligente o início do rodízio de água apenas depois do dia 12 de janeiro. Segundo esses críticos, a represa de Itupararanga, que chegou ao nível de 19% de sua capacidade, deveria estar sendo poupada há bem mais tempo. A então prefeita Jaqueline iniciou o rodízio de água quando a represa tinha 40% de sua capacidade, lembrando que naquele momento, ao contrário de agora, não existia a Estação de Tratamento de Água e Esgoto do Parque Vitória Régia, que permite o tratamento da água para seu fornecimento mesmo com a represa em seu mais baixo nível histórico.
O argumento dos críticos, claramente com conotação política, de que o prefeito errou, de que é mau gestor e etc e tal, está totalmente ligado ao fornecimento de água agora. E agora não falta água. Se não falta água porque fazer rodízio?
Esse é o ponto de convergência e concordância entre os críticos e a administração atual de Sorocaba: se faz rodízio para economizar água e tê-la para fornecer ao cidadão quando não tiver água. Ou seja, o rodízio, previsto para o dia 12, não é para ter água para fornecer agora, pois agora tem. Mas para ter água entre abril e outubro. Se no fim do período de chuvas, em março, Itupararanga não tiver 48% de sua capacidade, aí sim faltará água para os 6 meses de estiagem.
Mas o rodízio deveria ter começado antes, podem insistir os críticos da decisão do prefeito de deixar para agora o início do rodízio.
Sim, talvez deveria. Ninguém sabe.
E porque talvez? Bem, é preciso enxergar o fornecimento de água por dois pontos de vista. O primeiro, óbvio, é o de prover o cidadão de água em sua torneira no momento que ele quiser. O segundo é lembrar que o negócio do Saae (Serviço Autônomo de Água e Esgoto), uma autarquia do ponto de vista jurídico, mas uma empresa como qualquer outra do ponto de vista comercial, precisa como tal sobreviver, ou seja, ela precisa vender o seu produto. Se não vender, não entra receita e com seus custos, sem receita, entra em falência. Rodízio, portanto, significa receita menor, significa menos gente pagando a conta, pois não tem o que consumir uma vez que a água não é fornecida.
No período em que o Saae fez rodízio no fornecimento de água ele gastou suas reservas e até o momento não conseguiu fazer uma nova, ou seja, para seus novos investimentos, bem provável, tenha de buscar recursos além dos seus.
Portanto, a lógica das críticas dos adversários do prefeito Manga indica que o prefeito acertou na data do início do rodízio levando em conta a necessidade do cidadão por água, agora e no período de estiagem, e a do Saae por receita para ser manter uma empresa saudável.
Mas só saberemos se isso é verdade quando, nos meses secos, a água seguir saindo das nossas torneiras.