Obrigado gente boa!

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Necyr1Necyr Xavier morreu na noite de domingo e foi enterrado na tarde desta segunda-feira.

Primeiro administrador do Teatro do Sesi (e que deu vida a essa casa de espetáculos no começo dos anos 90), ator de teatro (fez sucesso em São Paulo em 1974 atuando em A Casa de Bernarda Alba) e ator de TV (entre personagens que já interpretou está o Garibaldo do icônico Vila Sésamo, da década de 70, programa infantil dirigido por Ademar Guerra, no qual também atuavam Sônia Braga e Armando Bogus). Advogado (OAB 165.224).

Tudo isso faz parte do currículo de Necyr.

Mas duas habilidades são sua história: Necyr, cozinheiro de  cozinheiro de mão cheia. Necyr, o cultivador do bem.

A paixão pela cozinha era tão grande que ele não se cansava de buscar o melhor para o que fazia. Em janeiro de 2011, quis saber da Revista Pequenas Empresas, Grandes Negócios, quem era o fabricante de uma farinha que foi tema de reportagem. Em sites de culinária ensinava a fazer Patê de Mortadela (típico de Sorocaba) e Costelinha de Porco com Grão-de-bico.

Agora, imagina um cara gente boa. Desses que apenas cultivam o bem e a alegria de viver. Esse era Necyr. O Facebook virou sua janela para o mundo, mas exercia bem esse seu talento na vida real, no elevador, no mercado, no açougue, na padaria, no Fórum (onde ia como advogado), na coxia do teatro, na cozinha e nas rodas de amigos. Necyr gostava de gente (e não do status quo das pessoas).

Quando enfrentava a seriedade da doença que o levou na noite de domingo, no dia 27 de julho, às 20h42, postou sua foto e escreveu: “Para que servem os amigos, para que servem os grandes laços de afeto familiar, para que servem os incentivos à vida ??? Serve para eu carregar este sorriso de gratidão dentro do meu coração! Obrigado gente boa!”

Obrigado você Necyr. Pelo sorriso que sempre teve no rosto para nossos momentos (mesmo quando havia divergência) e inclusive os fugazes, como os de quando nos cruzávamos na Padaria Real.

Aos 69 anos, Necyr não era velho. Sempre vivia como se houvesse uma vida inteira pela frente.

Sempre achei que haveria tempo para conversar com ele no programa O Deda Questão na TV (que esteve no ar na TVR, depois na ITV e mantenho na mira o seu retorno para breve).

Quando vi sua postagem, semanas atrás, expondo sua doença, mas exaurindo energia, tinha a certeza de que nos veríamos muito ainda. Por isso, meu choque ao saber apenas na hora do almoço de hoje da sua morte ontem e seu sepultamento hoje em Ibiúna.

Homenagens

Centenas de postagens homenageiam Necyr. Mas reproduzo aqui a de Paulo Betti, às 9h, de hoje: “Necyr Xavier querido ,esta cravado na minha memória numa inesquecível imagem teatral.Foi a primeira vez que vi ,numa peça ,uma luz se apagando lentamente num efeito ,que então aprendi, chamava-se ‘resistência’.Hoje existe em qualquer casa e se chama ‘dimer’. Muito simples. Mas, naqueles finais dos sessenta, quando Sorocaba não tinha nenhum teatro de verdade, com mesa de luz de não sei quantos canais, aquele efeito era conseguido graças a uma engenhosa traquitana que operava com água e sal dentro de uma bateria de automóvel. O efeito conseguido era perfeito, graças a habilidade do iluminador. Necyr fazia o papel do pastor na peça Nossa Cidade, de Thorton Wilder, dirigida pelo saudoso Osorio Theodoro de Morais, para o teatro do Sesi. Sua imagem regendo o coro, um maestro, ficará pra sempre como uma das mais bonitas que o teatro me proporcionou. Depois tive o prazer de dirigi-lo em minha estréia nessa função, em ‘Cerimonia para um Negro Assassinado’ de Fernando Arrabal. Necyr parecia um menino no palco. Que Deus o receba na sua paz eterna Necyr Xavier, homem do teatro!”

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