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Eu tenho o hábito de frequentar algumas padarias como a Real, Panicenter, Simus, Santa Rosália e de brincar, sempre que a circunstância permite, com a pessoa do caixa, geralmente mulheres jovens. 

Isso cria uma ilusória intimidade, mas que permite eu saber que “ontem” o filho de uma delas tinha 2 anos e hoje já completou 8, como minha neta.

Uma dessas caixas que, por algum sinal trocado, eu achei que fosse filha do dono e ela gargalhou explicando que não era, embora achasse que seria uma boa ser, me repetiu seu mantra agora há pouco: Oi…tudo bem?

Então eu lhe disse… Bom… tirando o fato de hoje ser dia 15 e eu estar pagando esse cafezinho com o cheque especial… Tirando uma dor de estômago que apareceu no dia 27 de maio e me persegue desde então…Tirando o fato de só ouvir não nas portas que bato atrás de um emprego. Tirando…

Então ela me interrompeu e imperativa me disse: Moço… e pelo olhar ela conduziu o meu para ver a fila que se formava. E ela soltou a gargalhada, uma de suas boas características, para depois me dizer: A gente pergunta se está tudo bem, mas na verdade não quer saber não… 

Eu ri e lhe disse: Agora que eu ia falar do cinismo desse país que busca por um indianista sumido na Amazônia só porque junto dele havia um gringo, senão seria mais um… Agora que ia falar da contradição do Paulo Guedes que se diz do liberalismo econômico, mas cria uma confusão tributária para, talvez, baixar 1 real no preço da gasolina na bomba, o que vai frustrar quem precisa usar o carro… Agora que eu ia falar que precisou vir um vereador de São Paulo para resgatar o cachorro judiado num condomínio de Sorocaba… Agora…

Moço, moço, moço… amanhã a gente conversa mais. E ela me dispensou. Eu segui meu caminho “curtindo” minha vida de princeso, neologismo criado pela minha filha por eu lhe contar como foi meu dia: Hoje foi hidroginástica, amanhã de musculação… Levar neta na escola. Ir no açougue, peixaria, mercado… Fazer almoço e lavar louça… Dar comida pro cachorro e gatos…Dirigir… Ler, escrever, pensar…

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