Organização do 1º Congresso da Direita Sorocabana acusa Fadi de ceder à pressão de coletivos feministas da instituição ao revogar a autorização de uso do auditório à promoção da candidatura à presidência da República que encarna o fascismo

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DireitaSorocaba

Programa do congresso demonstra o que o grupo pretende promover em Sorocaba

O estudante da Faculdade de Medicina de Sorocaba Davi Vieira, fundador e presidente do grupo Direita Sorocabana, acusa a Fadi (Faculdade de Direito de Sorocaba) de ceder a pressão de coletivos feministas da instituição que são contrários à decisão da direção da escola de autorizar a realização do 1º Congresso da Direita Sorocabana no auditório da instituição e, por isso, revogou a autorização inicialmente dada. Davi Vieira explica que o congresso segue agendado e um novo local será divulgado e ainda poupa a Fadi do cancelamento, dizendo que entende a atitude e que professores da instituição lamentaram o cancelamento e estão junto deles nesta caminhada.

Objetivos do Congresso

No fim da manhã de hoje, em sua página no Facebook, Davi Vieira postou: “Um passarinho acabou de me enviar o áudio do programa O Deda Questão de hoje na Rádio Ipanema, que abordou o I Congresso da Direita Sorocabana. Basicamente, uma enxurrada de críticas à Fadi, ao deputado Eduardo Bolsonaro, ao movimento Direita Sorocabana e até mesmo ao jogador do Palmeiras Felipe Melo (devido à declaração de apoio à candidatura do Jair). O evento nem começou e já estamos levando temáticas como Fake News, conservadorismo e liberdade de expressão aos veículos de impacto na cidade. Estamos no caminho certo”.

Davi se diz perseguido por patrulhas ideológicas em áudio gravado que será levado ao ar na edição desta terça-feira (16 de maio) na coluna O Deda Questão no Jornal da Ipanema (FM 91,1Mhz). Ele lembra que foi processado por criar a página “Vote Em Qualquer Um menos em Raul Marcelo” na campanha eleitoral de 2016 e entende que ser conservador (o que exclui aceitar o novo momento da humanidade em questões como a sexualidade e o direito igual entre mulheres e homens) é um direito igual e que deveria haver respeito.

Ocorre que não é bem isso o que está por trás do discurso de Jair Bolsonaro que está em 2º lugar, segundo diferentes pesquisas, na corrida eleitoral para a presidência da república em 2018, e é o grande líder de seguidores como Davi Vieira, conhecido como Bolsonarinho sorocabano.

Para explicitar o que significa o projeto Bolsonaro 2018 (o tema central do congresso em Sorocaba), reproduzo a seguir artigo de professor da USP (Universidade de São Paulo) onde ele explica porque Bolsonaro é fascista.

Bolsonaro e o fascismo no Brasil

Em artigo publicado na sexta-feira, 3 de maio, o filósofo e professor da Universidade de São Paulo (USP) Vladimir Safatle descreveu de forma didática como age ao fascismo e como o deputado Jair Bolsonaro (PSC-RJ), que apareceu em segundo lugar nas intenções de votos em pesquisa da CNT/MDA, ao lado de Marina Silva (Rede), se encaixa nesse perfil político. Leia o que escreveu Safatle:

“Todo fascismo tem ao menos três características fundamentais. Primeiro, ele é um culto explícito da ordem baseada na violência de Estado e em práticas autoritárias de governo. Segundo, ele permite a circulação desimpedida do desprezo social por grupos vulneráveis e fragilizados. O ocupante desses grupos pode variar de acordo com situações históricas específicas. Já foram os judeus, mas podem também ser os homossexuais, os árabes, os índios, entre tantos outros. Por fim, ele procura constituir coesão social através de um uso paranoico do nacionalismo, da defesa da fronteira, do território e da identidade a eixo fundamental do embate político”, explica Safatle.

Segundo o filósofo, não seria difícil demonstrar todo o “fascismo ordinário” de Bolsonaro. “Sua adesão à ditadura militar é notória, a ponto de saudar e prestar homenagens a torturadores. Não deixa de ser sintomático que pessoas capazes de se dizerem profundamente indignadas contra a corrupção reinante afirmem votar em alguém que louva um regime criminoso e corrupto como a ditadura militar brasileira. Por outro lado, sua luta incansável contra a constituição de políticas de direito, reparação e conscientização da violência contra grupos vulneráveis expressa o desprezo que parte da população brasileira sempre cultivou, mas que agora se sente autorizada a expressar”, continua.

Segundo Vladimir Safatle, essa radicalização não desaparecerá, mas é embalada pelo espírito do tempo e suas regressões. “Na verdade, ela se aprofundará. Contra ela, só existe o combate sem trégua.”

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