Prefeito, acredite no poder transformador da Cultura

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Quando o prefeito Vitor Lippi foi eleito em outubro de 2004 e assumiu em janeiro de 2005, eu tive a oportunidade de trabalhar para a criação da secretaria da Cultura e, em agosto daquele ano, fui escolhido o primeiro secretário da pasta na prefeitura de Sorocaba.

Meu argumento era de que uma pasta específica, num primeiro momento, tinha a intenção de completar o tripé com outras duas pontas que já existiam na cidade: a Fundec (Fundação de Desenvolvimento Cultural) de Sorocaba e a Linc (Lei de Incentivo à Cultura).

Esse tripé (raro entre as cidades brasileiras), aliás, não era – na minha visão de gestor da pasta – um promotor de teatro, cinema, bale´, música, etc, mas um mecanismo para a inclusão urbana, de desenvolvimento econômico, social e mental.

Minha argumentação é de que a Cultura é capaz de existir além do mecenato (oficial, como é de uma prefeitura) e que a existência do trabalho e atividade de artistas e intelectuais, quando estão realizando suas obras, promove a alfabetização e difusão cultural muito além da TV (na época, 2005, as redes sociais apenas engatinhavam com o extinto Orkut). Enfim, a Cultura – e isso ainda acredito e defendo nos dias de hoje – é um instrumento de luta contra a barbárie e criador de uma existência de paz.

Por isso merece ser valorizado e enaltecido quando um arrastão cultural (como o ocorrido há duas semanas no bairro de Brigadeiro Tobias) ou a apresentação de cinema (como a exibição do filme “Como Nosso Pais” que atraiu mais de 2 mil pessoas neste final de semana no Parque Vitória Régia) acontecem na periferia de Sorocaba. O trabalho do secretário Werinton Kermes precisa ser valorizado. São pequenas sementes que, se cultivadas, podem dar bons frutos. Ou seja, podem tirar jovens da indústria da droga e consequentemente dos crimes.

A região da avenida Barão de Tatuí, principal ligação entre o Campolim e o centro de Sorocaba, vem sendo alvo nas últimas semanas de pequenos furtos, invasões de comércio e depredações praticadas por jovens e adolescentes. Tivessem eles envolvidos com a Cultura e isso não aconteceria, estou certo disso. São pessoas que tinham, em 2005, portanto 13 anos atrás, 3, 4 ou 5 anos de idade. Pessoas que não foram envolvidas com a Cultura e estiveram à mercê de quem vê nessas crianças e jovens potenciais para o “seu negócio”.

E, o pior, é que não há perspectiva de que isso mude. Como mostrado em postagem anterior, a pasta da Cultura é a que menos recurso recebe no orçamento na gestão Crespo. Na gestão Pannunzio, revertida após pressão da sociedade, a intenção era acoplar a Cultura à Educação diante da falta de visão que se tinha do potencial para a pasta no que ela influencia na Saúde e Segurança.

A Cultura é vista como de esquerda – do ponto de vista ideológico – pela elite econômica do país e os governantes de Sorocaba vêm apenas reproduzindo esse senso comum. Que o prefeito enxergue além do seu mandato e revolucione a cidade e contagia outros administradores a entenderem que a Cultura é o caminho da paz, da criatividade, da inclusão e do bem.

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