Já havia chamado a atenção para o fato de que foi enquanto a assessora comissionada do prefeito Crespo, Tatiane Polis, como previamente agendado e divulgado, prestava depoimento à CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Câmara – que investiga se o prefeito prevaricou ou não quando a situação de seu diploma de ensino fundamental foi questionada pela vice-prefeita Jaqueline Coutinho – , a própria vice-prefeita adentrou ao plenário da Câmara e, ao final o depoimento dela também foi colhido após um instante de dúvida sobre a legalidade dele. Chamei também a atenção para o fato do advogado Joela Araújo ter argumentado que a presença da vice se caracterizava como “pegadinha”. O prefeito está convicto que a vice-prefeita combinou sua presença na Câmara horas antes de ir ao depoimento de Tati Polis com a presidente da CPI, vereadora Fernanda Garcia (PSOL), partido que foi ao 2º turno na eleição em que Crespo acabou eleito.
Foi neste instante que o prefeito entendeu que não haveria mais sentido algum em buscar se reaproximar da vice. Até sexta-feira ele entendia que a briga do dia 23 de junho poderia ser resolvida. A partir dali, cessou qualquer negociação. E agiu na decisão tomada hoje.
O que diz a lei
Vice-prefeito é um cargo de expectativa, ou seja, só atua na ausência do prefeito nos termos da lei. Lembro que Crespo foi a Alemanha por 5 dias e para Portugal por 7 dias e passou o comando da cidade para Jaqueline quando a lei determina que isso seja feito no 15º dia de ausência do prefeito. De modo que ele fez Jaqueline prefeita por vontade dele e não por força da lei.
Mas na campanha, e nos primeiros meses de governo, Jaqueline teve função de governo com participações em reuniões, em grupos de conversa de secretários, em representação do prefeito e, em especial, em pronunciamentos.
Com a decisão de Crespo, ela segue sendo vice-prefeita, porém fica sem função de governo. O governo é do prefeito. Ele responde por todos os atos. Ele convida quem quer e não quer para o seu governo e, obviamente, também desconvida. E assim fez com os argumentos que decidiu anunciar.
Mas, repito, a gota d’água para a demissão da vice do governo foi a combinação dela com a presidente da CPI, ou lendo de outra maneira, a combinação de um agente político da sua equipe com o agente político adversário. Ele sentiu traição política nesse ato e tomou decisão política.