O prefeito Pannunzio afirmou em entrevista na coluna “O Deda Questão”, no Jornal da Ipanema, da Rádio Ipanema (FM 91,1Mhz), nesta quarta-feira (20/04), que o secretário de Saúde do Estado de São Paulo, David Uip, “ignora solenemente” as demandas da região de Sorocaba no setor. O secretário Uip “tem um descaso tremendo com Sorocaba, é desinformado e confunde leito normal com leito psiquiátrico”. O prefeito poupou o governador Geraldo Alckmin (chefe de Uip) da críticas dizendo que o governador é atencioso, ouve, anota as necessidades de Sorocaba. O que suscitou a posição do prefeito nasceu de reportagem de Érik Rodrigues veiculada no Jornal da Ipanema sobre as críticas dos vereadores na sessão da Câmara à questão dos doentes mentais e moradores de rua que se avolumam nas ruas da cidade.
Ao falar sobre o processo de desinstitucionalização dos pacientes do setor de Saúde Mental da cidade, instituído a partir de um Termo de Ajuste de Conduta (TAC), assinado, em 2013, pela União, Estado e município, o prefeito defendeu o ajuste e afirmou que ele visa procurar uma saída para o atendimento aos pacientes com transtornos mentais, já que o conceito de mantê-los internados em instituições foi revisto. “Trancafiar uma pessoa por determinada patologia é perverso”, disse.
O prefeito explicou, também, que as dificuldades do cumprimento do TAC estão relacionadas às atribuições financeiras do governo do Estado de São Paulo. “A União manda recursos da parte do SUS [Sistema Único de Saúde], que pode chegar a 40%, mas o Estado não tem mandado nada. Sobra, então, para Sorocaba, que tem feito a sua parte”.
As reclamações sobre a participação do Estado no cumprimento do TAC, de acordo com Pannunzio, já foram expostas ao governador Geraldo Alckmin (PSDB). “Ele é atencioso e repassa as demandas ao secretário de Saúde”, frisou.
As demandas, no entanto, ainda segundo o prefeito, são “ignoradas” por Uip. “O secretário tem tido um descaso tremendo por Sorocaba. Talvez ele não tenha entendido a situação da região. Ele confunde o número de leitos de hospitais com os psiquiátricos. Não tem havido diálogo com o secretário”, declarou Pannunzio.
Em Sorocaba, conforme dados apresentados pelo prefeito, havia quatro hospitais que atendiam 1300 pacientes psiquiátricos. Atualmente, com três dessas instituições já esvaziadas, são atendidos 450 pacientes. Há, ainda, 26 residências terapêuticas na cidade. Pannunzio, destacou, ainda, que Sorocaba gasta entre R$ 26 e R$ 28 milhões com o processo de desinstitucionalização.
Na terça-feira passada (19/04), o vereador Rodrigo Manga (DEM) protocolou, na Câmara, um pedido de convocação do secretário de Saúde de Sorocaba, Francisco Antonio Fernandes, para comparecer ao Legislativo e prestar esclarecimentos sobre o setor, entre eles, o atendimento na área de saúde mental da cidade.