Prefeito visita acamados com dengue e ouve do cidadão o que o cidadão pensa dele, do seu governo e da cidade. Minha percepção é que para o prefeito o elogio que ouviu compensou as críticas que foram feitas a ele. Em minha opinião, 80% dos problemas de saúde são culpa do próprio cidadão que come e bebe muito mais do que o seu corpo é capaz de assimilar. Fuma. E em doenças como a dengue, não limpam sua casa como deveriam

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Na quarta-feira o prefeito Pannunzio concedeu entrevista no Jornal da Rádio Ipanema (FM 91,1Mhz) e ocupou a coluna O Deda Questão. O que ele disse no ar pode ser ouvido, mas conto aqui um pouco da conversa que tivemos no café da emissora, já fora do ar. O prefeito está convicto que esse crescimento em PG (Progressão Geométirca) dos casos de dengue em no máximo duas semanas entram numa PA (Progressão Aritmética) e até a primeira semana de maio entre em declínio. O prefeito de fato está imbuído de oferecer as pessoas que estão com dengue um atendimento digno e entende que a instalação de uma sala, específica para isso, num galpão ao lado da UPH da zona leste atende com dignidade. Ele falou que não teve como oferecer cadeiras reclináveis para todos e por isso muitas cadeiras são convencionais e teve de ouvir de uma mulher, domingo, durante sua visita que aquele local era inapropriado para atender aos doentes: “O cidadão fala duro, na cara da gente o que sente. Argumentei que o local tem um pé direito alto, com ventilação, mas mesmo assim a pessoa doente queria mais. Pensei nas cidades em que oferecem ao invés de uma sala como oferecemos uma lona do exército. Na Santa Casa um senhor berrava que este é o pior hospital do mundo. Expliquei a ele tudo o que fizemos, inclusive com os quase 250 leitos funcionando plenamente SUS o que não acontecia há décadas, mas o senhor não se acalmou e seguiu reclamando. O que dá alento é que há quem entenda, como uma senhora que estava sentada, pegou em minha mão quando passei e me agradeceu, reconhecendo a nossa luta.”
A verdade, em minha opinião, é que a saúde é um saco sem fundo. Seja a pública ou a privada. Quem tem convênio da Unimed tem enfrentado fila de três horas para ser atendido. A pessoa doente, o que é perfeitamente lógico, entende que o seu caso é o pior do mundo e quer ser logo atendido. No caso da dengue, por exemplo, onde o exame sorológico que determina se o paciente tem mesmo dengue, leva duas horas para ficar pronto, somado ao tempo de colher o sangue e o laboratório dar o resultado esse tempo pode chegar a três horas. Quem tem essa compreensão? O Brasil cultiva (e a imprensa estimula) a cultura de que em se tratando de saúde pública o resultado deve ser imediato e o cidadão sempre tem razão. Quem vai a qualquer posto de saúde sabe que não é assim. Minha percepção, arrisco a dizer, é que 80% dos problemas de saúde são causados pelo próprio cidadão que come e bebe muito mais do que a capacidade do seu organismo de digerir. Ai ele fica com gordura em excesso no corpo, açúcar em excesso e a pressão arterial (exigindo esforço extra do coração) acima do seu normal. Isso para não falar do cigarro. Quando o tema é a epidemia da dengue, fica claro que o mosquito não teria vida caso o cidadão mantivesse sua casa limpa. É só percepção, não sou médico. Sou semiótico, ou seja, observo os sinais. O corpo fala, mas ninguém o ouve. Ou só ouve quando ele já está doente. A casa fala, mas as pessoas só correm limpa-la quando o mosquito já a dominou. É da cultura do brasileiro.

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