O delegado seccional de Sorocaba, Marcelo Carriel, confirmou, nesta terça-feira (12), que os desvios de recursos financeiros da Santa Casa de Misericórdia, apontados pela CPI da Santa Casa, existiram de fato e teriam chegado a R$ 6,6 milhões. Conforme o que foi apurado no terceiro inquérito policial aberto em função dos levantamentos da CPI e que foi encerrado nesta terça, o esquema funcionava por meio de uma oficina de funilaria de automóveis, que dava notas fiscais pelo conserto de macas e camas. O contrato com a empresa movimentou uma média de R$ 50 mil por mês no período entre 2003 e 2014. No esquema, responsáveis pela funilaria teriam ficado com R$ 2,5 mil. O restante do dinheiro desviado teria ficado com o ex-provedor José Antônio Fasiaben.
Em nota divulgada para a imprensa, o vereador José Crespo, que presidiu a CPI da Santa Casa, afirmou que “não ter dúvida do mau uso do dinheiro empregado na Santa Casa. Apontamos isto na CPI com base nos depoimentos e documentos a que tivemos acesso. Tudo foi enviado para a polícia e o Ministério Público e agora está dando resultados”.
Marcelo Carriel e o delegado assistente da Seccional, Alexandre Cassola (foto), indiciaram o ex-provedor e os dois sócios da funilaria por associação para o crime. Fasiaben responderá ainda por corrupção passiva. Os empresários também por corrupção ativa e sonegação.
Apesar dos indiciamentos e das comprovações encontradas, os três vão responder em liberdade. A polícia ainda precisa comprovar a destinação do dinheiro desviado. Já se sabe que houve desvio porque o custo da manutenção de camas e macas ficava em R$ 3 mil por mês.
Outros inquéritos
No primeiro inquérito, aberto com base na CPI, presidida pelo líder do DEM, José Crespo, o ex-provedor da Santa Casa foi indiciado por crime de peculato (desvio de verba pública). Ele teria usado dinheiro do Sistema Único de Saúde (SUS) no convênio da Santa Casa.
Nesse inquérito foram quatro indiciados, incluindo Fasiaben, pelos crimes de falsidade ideológica, peculato, associação e corrupção ativa. No segundo inquérito aberto contra o ex-provedor foi apurado que o rombo com dívidas geradas por ele chegou a R$ 52 milhões.
Além disso, auditores descobriram que documentos contábeis de 2009 e 2010 foram queimados a pedido de Fasiaben e que R$ 5 milhões da construção de um centro de oncologia foram desviados. O dinheiro havia sido liberado pelo governo federal em 2008.