Muita gente me perguntou o que, na prática, muda com a decisão do Conselho Superior do Ministério Público de negar, por unanimidade, o recurso do prefeito Crespo contra a instauração do inquérito civil preventivo, que deu origem à recomendação do MP aos vereadores sorocabanos quanto ao voto deles na Reforma Administrativa apresentada pelo prefeito. O relator, conselheiro Vidal Serrano Nunes Júnior, é claro em dizer que as investigações propostas por Orlando Bastos devem prosseguir. Ou seja, muda que Orlando Bastos pode agir.
O que incomoda o promotor na reforma aprovada (a princípio se entendia que era os cargos para quem não tem curso superior, o que ficou para trás pois não foi criado) é a criação de 24 cargos de secretário-adjunto e os 60 cargos de Assessor Nível 3. Ambos com salários de R$ 9 mil e R$ 11 mil. O promotor, me parece, ao ser autorizado pelo Conselho Superior a seguir com suas investigações vai focar nesses cargos. Lembro, levada adiante esse questionamento, ele segue sendo questionamento. Apenas a justiça pode decidir sobre tais cargos.
Por outro lado, também tenho percebido uma razoável movimentação por parte do prefeito Crespo. Há questão de 20 dias ele teve um encontro com o promotor Claúdio Bonadia, do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado), criado pelo Ministério Público do Estado de São Paulo. Crespo teria ido apenas atrás de informação. Qual? Não sei. Sobre quem? Isso eu sei: o promotor Orlando Bastos Filho.
Há anos Orlando e Crespo travam uma batalha surda que, algumas raras vezes, se torna audível como foi o fato de Crespo ter ido ao Conselho do MP tentar anular o inquérito preventivo de Orlando. Há muito mais a ser tornado público.
Me parece que este embate entre os dois extrapolou a relação prefeito x promotor (o que é saudável para a sociedade) e se transformou numa queda de braço entre Orlando x Crespo (o que é péssimo, afinal pouco importa as desavenças pessoais de ambos para a sociedade).
FOTO: Luiz Antônio Fleury Filho (ex-governador e fundador do MP) acompanhou Crespo e os secretários Hudson Zuliani, Marinho Marte e Rodrigo Moreno na visita a Gianpaolo Poggio Smanio, Procurador-Geral de Justiça do Estado de São Paulo