Sentindo meu próprio mal-estar , pergunto: Por que a miséria de lá comove mais do que a de cá?

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A foto da criança de 3 anos, morto a beira do mar, na praia de Bodrum, Turquia, expõe nas capas de sites, blogs, jornais, revistas e TV do mundo inteiro um dos capítulos mais degradantes de nossa Historia: pessoas que não tem nada a deixar para trás e fogem da falta de futuro de onde “viviam”.

Sentindo meu próprio mal-estar ao ver a foto do pequeno Aylan Kurdi me faço uma pergunta que compartilho com cada um de vocês: por que a miséria de lá comove mais do que a de cá?

No caminho de casa, sábado passado (05/09), me deparei com a foto que ilustra esta postagem. Esse homem sem rosto fuça no lixo de uma pastelaria e tira de lá coisas que vão lhe servir. Ele enche sua sacola. De dentro do carro fiz essa imagem e me perguntei se deveria me dirigir até ele: O que poderia querer saber dele? Seu nome, sua história, sua origem… É apenas mais um ser humano que não tinha nada para deixar para trás. No caso dele, nem mesmo uma fronteira a ser cruzada para lhe dar ânimo. O que lhe resta é o resto do lixo da pastelaria.

Penso no mais recente genocídio de índios que está ocorrendo no Mato Grosso. Ná Ozetti, conhecida por sua carreira artística de cantora, é quem faz a denúncia nas redes sociais. É o máximo que ela conseguiu. Talvez a foto de um indiozinho de 3 anos chorando a morte da sua mãe ou a foto dele próprio, morto, tenha a força para mudar esse mais novo triste capítulo da civilização brasileira. Mas ainda não foi tirada essa foto!

O senso comum faz as pessoas acreditarem no que enxergam e desconfiar do que a elas é relatado em palavras. Cada um tem a sua sensibilidade aguçada de uma maneira, uma maneira moldada pela cultura.

Se você está pensando o que você pode fazer por isso tudo que ocorre aqui no Brasil, me ocorre dizer: vote em quem tem ideologia e um projeto de governo. Isso faz uma diferença danada… Podem acreditar.

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