Sorocabano leva prêmio e faz eco a Jô

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A cerimônia de premiação da 31ª edição do Prêmio Shell, um dos mais relevantes na área teatral do Brasil, na noite de terça-feira (19 de março), no Estação São Paulo, foi marcada por homenagem ao comediante, ator, diretor, escritor e apresentador Jô Soares, de 81 anos. E coube a ele dar o tom da festa, citando Millôr Fernandes: “Um país só progride com cultura e tecnologia de ponta. Atualmente a única cultura que nós temos é a cultura de vírus. O governo tem que cuidar do país e, para investir no país, tem que investir em cultura e tecnologia de ponta”, disse. “Não estou aqui para defender nenhum político brasileiro, mas para defender o Brasil. Não podemos ter essa guinada tão violenta à ignorância.”

Quem fez eco às palavras, e posicionamento político de Jô Soares, foi o diretor do espetáculo “Um Panorama Visto da Ponte”, Zé Henrique de Paula, que ganhou como Melhor Diretor no Prêmio Shell 2019. Em seu discurso, ele disse: “O título da peça de Arthur Miller sugere um olhar a partir do ponte do Brooklin de onde se vê tudo. Todos que estamos aqui somos privilegiados. As pessoas menos privilegiadas nesse país correm perigo. Precisamos fazer algo por elas.”

Orgulho sorocabano

Zé Henrique de Paula é sorocabano. E foi aqui que ele começou a trabalhar com teatro. Eu era jornalista do Mais Cruzeiro, caderno de Artes e Espetáculos do jornal Cruzeiro do Sul, neste seu início da sua carreira e me dedicava a fomentar o teatro local com críticas, comentários e entrevistas. Naquela época, começo dos anos de 1990, Sorocaba tinha uma produção teatral invejável. Eram mais de 20 grupos. Necyr Xavier e Edeméia Pereira faziam um lindo trabalho no Sesi. Roberto Gill Camargo retomava com intensidade sua produção e fazia um trabalho na Prefeitura com os Festivais Ícaro e Tropeiro. Carlos Roberto Mantovani punha em pé o teatro com ajuda do Sindicato dos Metalúrgicos. Gil de Mello, Marra, Hamilton Sbrana, Matilde Santos, Nanáia e outros tantos que, imperdoavelmente, me esqueço os nomes agora.

E o que mais eu gostava era da polêmica. Me lembro de falar “mal” de uma das peças de Zé Henrique e ele ter rebatido e eu rebatido novamente e ele de novo….Enfim, semanalmente havia a chance de se pensar o teatro e sua produção. Por isso, ver a consolidação do sucesso de Zé Henrique de Paula com o prêmio desse ano (ele já recebeu dezenas de outros) me enche de orgulho. Me sinto feliz com o seu sucesso. Assim como me sinto igualmente feliz com o sucesso de Fernanda Maia que nesta 31ª edição do Prêmio Shell não levou o prêmio principal, mas esteve entre as indicadas na categoria Música por “O Rei da Vela”.

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