Sua excelência, o eleitor!

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Terminei a eleição onde concorria ao cargo de vereador em Sorocaba na 91ª posição entre os 607 candidatos que tiveram seus nomes nas urnas. Recebi 652 votos o que representa 0,23% do total da votação de domingo.

Pelo meu modo de ser, de encarar o mundo, primeiramente agradeço esses 652 eleitores que acreditaram num projeto de mudança no Poder Legislativo sorocabano. Mas não escondo minha frustração com tão baixa votação. Em meu pior pesadelo, imaginava ter 1.500 votos, pois sempre acreditei que havia o interesse de Sorocaba num outro projeto de cidade.

Um domingo, na feira da Vila Jardine, me encontrei com Iara Bernardi, a segunda mais votada nesta eleição com mais de 5 mil votos. Ela foi eleita pela primeira vez em 1982 e desde então tem tido sucessivos sucessos nas urnas. Ela incomodava as pessoas para lhes entregar um santinho e eu falei algo do tipo, pára com isso Iara, de encher a paciência das pessoas, isso não adianta nada. E ela me chamou a atenção, uma espécie de puxão de orelhas: eu já fiz mais de dez campanhas, funciona sim senhor, quer ensinar o padre nosso ao vigário? E o resultado mostra, claramente, que Iara tem razão.

No mundo ideal, cada candidato se colocaria à disposição do eleitor numa espécie de “prateleira” e caberia ao eleitor ir essa prateleira e escolher: eu preciso disso para Sorocaba. Mas essa é uma utopia infantil, tão míope, que chega a ser ridícula. Não é assim que acontece no mundo real.

A verdade é que “sua excelência, o eleitor” quer que o candidato se humilhe. Quer que peça, peça, peça e diga o que ele quer ouvir. Os que melhores desempenho têm nas urnas são os que melhor fazem isso, os que mais fazem micagem, os que mais gritam, os que mais falam o nome de Deus em vão, os que mais prometem o que é impossível cumprir… É uma relação masoquista. O prazer de “sua excelência, o eleitor”, me parece, é o de ser frustrado para depois ter a chance de amaldiçoar o político eleito.

Posso estar sendo ingrato, equivocado e rancoroso com essa minha opinião. Mas é o que sinto nesta segunda-feira, depois de resultado tão frustrante no domingo.

Caso algo muito sério aconteça, daqui quatro anos poderei novamente ser candidato, mas não é minha intenção neste momento, afinal o recado de “sua excelência, o eleitor” foi muito claro para mim e por isso estou tirando o meu time de campo.

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