No dia 9 de Fevereiro de 1986 eu tinha 18 anos e estava começando o segundo ano da Faculdade de Jornalismo no campus 1 da PUC em Campinas quando passou o Cometa Halley pelo nosso céu.
Esse é o único cometa visível a olho nu da Terra e o único a aparecer no céu duas vezes durante uma só geração humana. Sua próxima aparição está prevista para o dia 28 de julho de 2061.
Naquele ano, houve um frisson em torno de tal acontecimento. Um frisson claramente estimulado pelos noticiários. O mundo girava em torno do que virasse notícia, ou seja, de qualquer coisa que fosse publicada.
O poder sobre o que as pessoas discutiam, falavam, opinavam nascia de alguma publicação. O povo mais simples, de baixo nível de instrução educacional, entendia mais o que fosse contado a eles pelos programas de televisão.
Se passaram 35 anos daquele momento e o poder do noticiário escorreu pelos dedos dos publishers se fixando nos dedos dos influenciadores digitais, pessoas (não empresas) que abrem um canal em rede social e milhões (sim, essa é a cifra) de pessoas o acessam diariamente para “saber” o que acontece. E, como diz o nome do que essas pessoas são, elas influenciam seus seguidores.
Me lembrei disso ao receber num grupo de WhatsApp as fotos que ilustras essa postagem. Um amigo caprichou em seu equipamento e captou o eclipse lunar da madrugada de domingo para segunda-feira.
Como naquele fevereiro de 1986, este 15 de maio pouco me importou. Essa minha falta de interesse em fenômenos criados, inventados, manipulados (antes pelos veículos, hoje também por eles, mas pelos influenciadores) me faz concordar com aquelas pessoas que me acham estranho. Nasci “do contra”. Não que eu escolha ser assim, simplesmente sou. Me lembro do que me disse um dia um dos meus irmãos quando me ligou (não havia WhatsApp quando ele me fez a pergunta) para saber se eu havia visto tal filme. Eu disse que sim. Ele quis saber o que eu achei. E eu desanquei o filme. Ele então me disse: vou assistir, se você odiou é porque eu vou adorar…