Vereador que está em seu quinto mandato consecutivo na Câmara de Sorocaba revela que sofre preconceito por ser pastor da Igreja Universal e que seus votos, opiniões e atos são interpretados como menores ou que tem segunda intenção

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EuIrineu

Assim que deixou a rádio, entrevista com o vereador prosseguiu na Live do portal Ipanema, onde pode ser assistido a qualquer momento

O vereador Irineu Toledo (PRB) participou na manhã de hoje da coluna O Deda Questão no Jornal Ipanema (FM 91,1Mhz) após ter recusado convite para ser entrevistado nos últimos quase cinco anos, período em que a coluna está no ar na rádio.

Sempre polêmico, o vereador explicou que ainda hoje recebe votos de fiéis da Igreja Universal do Reino de Deus, onde é pastor e foi o motivo que o trouxe em Sorocaba em 1998, que sua primeira eleição se deve a quase 100% a votos dos membros da igreja, mas que nos quarto e quinto mandato recebe votos de toda camada de eleitores. “Mas não adianta, sou o vereador da Igreja Universal, ninguém, nem a imprensa, fala que o vereador X é vereador do sindicato tal, ou que o vereador Y é vereador da Igreja Católica, não, falam apenas que eu sou da Universal como se dissessem ele é vereador ladrão, ele é vereador que tem segundas intenções”, afirmou durante a entrevista.

Essa resposta de Irineu, e a explicação sobre ter ficado ao lado do prefeito Crespo em todo o processo de cassação, conquistaram os ouvintes que se manifestaram dizendo que ele conquistou pela lucidez e moderação nas respostas.

Briga com vereador do PV

Fora do ar, Irineu explicou que foi uma fala preconceituosa do vereador Silvano Jr (PV) fora dos microfones na última sessão da Câmara, na quinta-feira passada, que propiciou o bate-boca entre os dois. Silvano queria que os vereadores devolvessem o carro de uso da Câmara para a prefeitura usar no transporte de doentes (algo fora da lei e sem respaldo legal, diga-se de passagem) e Irineu foi contrário e ao invés de se concentrarem no tema, Silvano, explicou Irineu, disse que ele não abria mão do seu carro porque “era vereador da igreja e se não fizesse nada ou se fizesse não tem importância porque ele tinha voto da igreja e falou ainda outras bobagens”. E aí o vereador chamou minha atenção: “você percebe o preconceito, falou bobagens porque sou da igreja e falou que estou lá fazendo ou não fazendo por que sou da igreja. Ora, meu voto vale o mesmo que ele, o meu voto decide tanto quanto de qualquer um, fora que é mentira que sou eleito só com votos da igreja”.

Fiel pensa

Irineu Toledo foi enfático ao dizer que há outro preconceito, esse contra quem é membro da igreja evangélica. “Pensam que lá na igreja a gente chega e todo mundo concorda, o que não é verdade. O fiel pensa e escolhe e cobra”, explicou. Um exemplo disso foi ele ter ficado ao lado de Crespo antes, durante e depois da cassação: “todos da igreja queriam o Crespo fora, mas eu entendo que é errado, não há nada na lei para afastar o prefeito, mas o fiel não quer saber, acredita que o prefeito é ruim e queriam que eu votasse contra e ameaçam e dizem que perdi o voto e tal.”

Explicação ao MP

Irineu Toledo chegou a dizer em plenário que o presidente da Câmara teria oferecido cargo a ele para mudar seu voto, que foi a favor de Crespo, numa eventual segunda votação do tema para mantê-lo cassado, e que queriam comprar o voto dele. O promotor Orlando Bastos Filho, do Ministério Público em Sorocaba, a partir dessa informação divulgada na imprensa, questionou o vereador e ele explicou que se expressou mal e isso permitiu a interpretação divulgada e que não existiu, explicou Irineu, sendo taxativo em afirmar que nunca quiseram comprar o voto dele.

Votos polêmicos

Como pastor evangélico, o senso comum imagina que Irineu Toledo vota de acordo com o senso comum do que a sociedade imagina do que é ser evangélico. Mas dois posicionamentos dele surpreendem essas pessoas. Primeiro ele é contra o projeto Escola Sem Partido, iniciativa em Sorocaba do vereador Luís Santos, e a outra é que é a favor do Conselho Municipal LGBT: “sou contra ensinar religião na escola, isso deve ser ensinado em casa pelos pais, mas sou a favor de que se discuta sim política, afinal a criança e o jovem estão ligados. Proibir é aumentar o problema. E não sou a favor da apologia, da ditadura gay, sou a favor do ser humano que tem sua opção”.

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