A série B do Campeonato Brasileiro de 2018 chega ao final com o estrondoso sucesso do São Bento assegurando a sua permanência na competição em 2019, apesar de todos percalços pelo qual passou, inclusive a troca de mais de uma dúzia de jogadores, e com o Fortaleza Esporte Club, time da capital cearense, sagrando-se campeão com da competição por antecedência.
A curiosidade desse título é o fato da equipe, que completa 100 anos (foi fundada 18 de outubro de 1918) ter tido um homônimo em Sorocaba.
Isso mesmo. O Fortaleza Clube foi um dos primeiros times de futebol de Sorocaba, fundado em 7 de novembro de 1904, ou seja, 10 anos antes do São Bento que viria a nascer em 1914 e se tornou o maior embaixador da cidade.
Geraldo, meu irmão mais velho, perto de fazer 70 anos, jogou no Fortaleza. O ex-vereador Yabiku, o craque da ponta esquerda, também fez história no time nascido dentro da indústria têxtil Santa Rosália que, ao lado das fábricas Santo Antônio e São Paulo, formaram o complexo Cianê (Companhia Nacional de Estamparia) que se tornou, por décadas, o maior empregador de Sorocaba chegando a ter quase 60 mil funcionários.
Na última sexta-feira, por acaso, em evento sobre saneamento, me encontrei com Laelso Rodrigues, que está perto de fazer 90 anos. Memória viva da cidade, Laelso se recordou, provocado por mim, de Severino Pereira da Silva (que comandou a Cianê), e do seu filho Carlos Alberto Pereira da Silva, como grandes industriais que impulsionaram o crescimento de Sorocaba. E, claro, ele também se lembrou do Fortaleza e do jogo onde o time Fortaleza de Sorocaba, no final da década de 40, venceu o Flamengo do Rio de Janeiro (esse mesmo time, o de maior torcida do Brasil) para tristeza de Ary Barroso, o compositor mais gravado por ninguém menos do que Carmem Miranda. Flamenguista roxo, como se diz, Ary achava que havia erro no fiasco do Flamengo, recordou Laelso.
História sorocabana
Segundo o blog (http://castellain.com.br/blog/?p=56221), o Fortaleza de Sorocaba nasceu nas mãos de Nicolau Parella e Romano Biazoli, ambos funcionários das indústrias têxteis Santa Rosália (atual bairro de Santa Rosália), com o nome de Sport Club Santa Rosália, para a prática do futebol entre os funcionários daquela fábrica de tecidos.
Mais tarde, a mesma fábrica passou a ser administrada pelo inglês Joseph Klirck, que além de esportista, tinha estreita relação com Charles Miller. Como bom bretão, Klirck incentivou a prática do futebol, instruindo a equipe e doando a primeira bola de futebol.
Foi em uma viagem ao nordeste brasileiro que Klirck, inspirado pela bela cidade de Fortaleza, rebatizou a equipe como Fortaleza Foot-Ball Club.
Porém, nos anos 20 adotou o novo uniforme nas cores vermelho, preto e branco, além de seu nome oficial para Fortaleza Clube.
Mais tarde, em 1906, o recém fundado Sport Club Floresta, de Santa Rosália fez fusão com o Fortaleza Foot-Ball Club, prevalecendo o nome Fortaleza. Suas cores originais eram o verde e branco.
O Fortaleza foi considerado o único rival a altura do Savóia de Votorantim, então bairro da cidade de Sorocaba, em que várias vezes as equipes se enfrentavam dentro e fora de campo.
Em 1940, o empresário Severino Pereira da Silva assumiu a administração da empresa, e em 1942 inaugurou o seu estádio próprio Estádio Severino Pereira da Silva. Este foi o primeiro estádio da cidade de Sorocaba a receber iluminação artificial para jogos noturnos, sendo inaugurado no dia 19 de julho de 1952.
Em sua história, o Fortaleza se destaca pela vitória sobre o C.R. Flamengo por 4 x 1, no dia 1º de março de 1947. Foi, por várias vezes, campeão dos torneios amadores de Sorocaba e região, tendo se tornado Campeão Amador de Sorocaba por 13 vezes, se destacando pelo tetra-campeonato de 1949, 1950, 1951 e 1952 e pelo tri-campeonato de 1967, 1968 e 1969, além de Campeão do Interior em 1948.
Muitos atletas sorocabanos passaram pelo clube, tais como Oberdan Cattani, Zecão e Hélio (goleiros) e Wilson Campos. Em 1970 o clube extinguiu seu departamento de futebol e a especulação imobiliária deu fim ao estádio e sede social.