Entenda o que está por trás da greve dos motoristas de ônibus – parte 2: Prefeito pensa em acabar com os 200 agentes de bordo que existem hoje nos ônibus

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CrespoTerminalO prefeito Crespo, por sua vez, também pensa em mudanças no sistema de ônibus.

Em 1992, quando foi nomeado pelo prefeito Pannunzio e comandou a grande revolução no sistema de transporte público de Sorocaba, ao criar os terminais de ônibus ainda em operação, ele conseguiu acabar com os cobradores de ônibus (quem entra num ônibus em Sorocaba precisa ter o bilhete comprado anteriormente), mas não conseguiu deixar como custo apenas os motoristas que dirigem os ônibus uma vez que foram criados os cargos de agente de bordo. Atualmente são mais de 200 agentes de bordo trabalhando que, na visão do prefeito, não agregam valor ao sistema e nem eficácia ou eficiência ao funcionamento. Diante disso, sua intenção (veja que pensamento e intenção não significa decisão) é acabar com os agentes de bordo. É uma maneira imediata de diminuir custos. Ele estuda o quanto a prefeitura deixaria de colocar de subsídio ao sistema (o projetado para este ano é de R$ 70 milhões) sem este trabalhador que, na visão dele, está obsoleto diante da tecnologia que, por si, evita a evasão de renda.

Esse pensamento, de acabar com postos de trabalho, de usar a tecnologia, de racionalizar custos, é típico de uma ideologia à direita, portanto antagônica a dos sindicalistas que representam os motoristas de ônibus que é à esquerda. Crespo é do DEM, Eustasia e França (presidente e vice do sindicato) são do PT. Os sindicalistas entendem que trabalhadores bem remunerados são excelentes consumidores e pagadores de impostos o que faz a máquina econômica girar. O prefeito entende que uma categoria não pode ser melhor remunerada do que outras as custas do sacrifício de toda a comunidade, uma vez que o pagamento dos motoristas de ônibus saem (via os subsídios) do dinheiro de toda a população que paga imposto.

São visões de mundo diferentes, evidentemente. Visões que ficam camufladas no debate eleitoral por técnicas e estratégias baseadas no ilusionismo do eleitor. A campanha eleitoral, ainda, é peça de ficção.

FOTO: O Jornal Z Oeste publicou a foto acima com o seguinte texto no dia 4 de novembro de 2016: “Eleito prefeito de Sorocaba com 182.833 votos no segundo turno da eleição deste ano, domingo último (30), José Crespo (DEM) foi ao terminal de ônibus urbano Santo Antônio, na tarde desta sexta-feira (4), para agradecer pessoalmente aos eleitores pela confiança”.

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