Durante a coluna O Deda Questão do Jornal Ipanema (FM 91,1Mhz) na manhã de hoje contei o que ouvi de um assíduo ouvinte do programa, e foi presenciado por ele na noite de segunda-feira momentos antes da confusão no Terminal Santo Antônio, de que eu estava errado nas minhas postagens, neste blog, sobre o problema. Ele me contou que os motoristas pararam os ônibus por estratégia para criar a confusão e não porque ficaram com medo dos usuários. Mais: ele me disse que os motoristas deixaram apenas uma faixa de rolamento livre na Afonso Vergueiro, de acesso ao terminal, e que essa faixa foi bloqueada por um veículo particular que, teria quebrado, e era dirigido pela esposa de um sindicalista.
No mesmo instante a assessoria do sindicato afirmou que era irresponsabilidade minha fazer uma afirmação dessas, que estava jogando notícia falsa na rádio e que essa afirmação era uma tentativa minha de criminalizar o sindicato. Expliquei que isso era facilmente contestado através da identificação do veículo e das imagens de câmera de segurança e que o espaço estava, como sempre esteve, aberto ao sindicato.
Ouvinte provoca
Neste instante, então, Paulo Eustásia, presidente do sindicato dos motoristas, entrou ao vivo para falar das questões da greve e defender a tese de que as manifestações dos usuários estão sendo espontâneas, ou seja, sem a participação de membros do sindicato.
No calor da entrevista, onde além das perguntas do estúdio havia a manifestação dos ouvintes, levei até o presidente do sindicato, de maneira resumida, a manifestação de Sérgio Tenório Pereira da Silva, assíduo ouvinte e participante do Jornal da Ipanema. Tenório assim se manifestou: A greve é legítima. Direito do trabalhador. Mas, no presente caso, está mais do que claro que essa greve dos ônibus tem motivação muito mais política – para atingir o Prefeito Crespo – do que de “luta por direitos trabalhistas”. Infelizmente, uma cidade é o retrato de seus governantes. Caos no governo = Caos na cidade. Em que pese o sindicato ser ligado a grupos que sempre foram oposição na cidade, é certo que o Prefeito sempre teve atuação mais direta nas negociações. Creio que não se trata tanto de dar ou não dar o percentual pretendido, mas sim o acirramento de ânimos políticos exaltados em razão da postura de “descaso” do Sr Prefeito em relutar de participar, desde o começo, das negociações da greve. O sindicato levou ao extremo esse ponto para mostrar força política, “arrastando” o Prefeito para a negociação que ele nunca quis estar. Tristemente, os motoristas são usados nessa briga política como massa de manobra, e quem paga o pato (e a conta, literalmente) é a população. Se Crespo fosse mais diplomático, talvez o cenário não chegasse ao ponto cumulo que chegou. Errou o Prefeito. Continua errando o Sindicato.
Presidente radicaliza
Paulo Eustásia, presidente do sindicato dos motoristas, concordou com a manifestação do ouvinte a partir do meu resumo, onde eu disse ao sindicalista: “o ouvinte afirma que a greve não se trata tanto de dar ou não dar o percentual pretendido, mas sim o acirramento de ânimos políticos exaltados em razão da postura de ‘descaso’ do Prefeito em relutar de participar das negociações da greve”.
No calor da sua resposta, entusiasmado, Eustasia disse: “Um favor que o prefeito faria era o de renunciar ao cargo. Ao fazer isso ele resolveria os problemas”.
Ouvinte vê recibo de sindicalista
Ao ouvir o pedido de renúncia feito pelo presidente do sindicato, o ouvinte que fez a pergunta não escondeu o seu espanto: “Nossa… Renunciar? Que absurdo. Nem eu sou tão extremista assim… Mais que provado que é política a questão dessa greve. Triste mesmo… Haja sofrimento. O sindicato passou o recibo de atrito político e usa os motoristas como massa de manobra para interesse político. Não é luta por direitos. Nunca achei que ele (Paulo Eustasia) admitiria abertamente isso. Estarrecedor…”
Sindicalista respeita opinião
Ao saber da resposta do ouvinte, Paulo Eustasia afirmou que reconhece a importância e a força da rádio justamente por abrir espaço para que todos os pensamentos se manifestem e que esse pensamento de defesa do prefeito ele entendia, mas, obviamente, não concordava.
Minha visão
Ao pedir que o prefeito renuncie e jogar sobre o prefeito Crespo a responsabilidade pelo não aumento real do salário dos motoristas, Paulo Eustasia apenas confirma o que o prefeito tem dito desde o começo dessa divergência: que ele não vai se curvar à pressão do sindicato, como fizeram outros prefeitos no passado, para acabar com a greve. Ou seja, na tentativa de atacar o prefeito, a afirmação acaba sendo uma espécie de defesa do argumento do prefeito uma vez que é significativa a quantidade de pessoas que acham que o momento não é para greve em razão da crise econômica nacional que atinge, indistintamente, o bolso de todos os brasileiros.