A moldura que espelha a cara da sociedade sorocabana

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Jacobina, apesar do nome feminino, é um homem que dissipa a teoria segundo a qual os seres humanos possuem duas almas: Uma que olha de dentro para fora e Outra que olha de fora para dentro.

Jacobina é o protagonista do conto O Espelho, seguramente o meu favorito de Machado de Assis.

Quando estava na faculdade de jornalismo (entrei com apenas 17 anos, ainda muito jovem, portanto), na aula de Filosofia, foi preciso responder a perguntar: Quem sou Eu? Mas era uma resposta baseada na técnica jornalística, ou seja, era preciso construir essa resposta não a partir do achismo, da arrogância, da prepotência que se queira dar como resposta a esta complexa pergunta.

Me lembro de ter me inspirado no livro O Banquete, de Platão; na Carta de Pero Vaz de Caminha, quando do Descobrimento do Brasil – talvez a primeira grande narrativa jornalística sobre nosso vasto continente –, mas foi em Martin Buber que encontrei a resposta que ainda hoje melhor me ajuda a compreender essa pergunta e dar a resposta: O Eu de um indivíduo qualquer é O que os outros pensam sobre ele (o Eu), somado ao que ele (o Eu) pensa que os outros pensam dele; somado ao que Eu penso sobre o que EU Sou e, ainda, ao que de fato, realmente Eu Sou. É complexo!

Apreender isso tudo é quase impossível de um momento para o outro. É uma construção. É um conhecimento que vai se complementando desde criança. E, no meu caso, ele nasceu, estou certo, com Jacobina. Quando li o conto O Espelho de Machado de Assis, ainda adolescente, uma indicação de Marisa Pelegrino a então generosa bibliotecária da Biblioteca Municipal, na rua da Penha, foi reconfortante. Havia uma completude entre o que lia e o que eu sentia.

Depois, estudando Semiótica, a linguagem dos signos, a representação (ou seja, não há nada em si, mas a representação das coisas apenas) tudo passou a fazer ainda mais sentido em mim.

E todas essas lembranças afloraram na tarde de hoje graças a um convite que recebi de Jorge Afeich para celebrar com ele o aniversário de um ano de sua coluna social no jornal Diário de Sorocaba.

Quase uma centena de pessoas, 90% mulheres da tradicional família sorocabana, que frequentam os clubes sociais e de serviço, entidades e organizações de apoio e amparo aos mais necessitados, foram dar seu abraço em Jorginho, pessoa querida minha.

Fui chamado para falar breves palavras e disse o quanto Jorge é um querido que faz o bem. Que promove a benemerência. Que ajuda em sua página de jornal a expor a verdadeira sociedade sorocabana.

Em O Espelho, Jacobina nos conta que cabe à Alma Externa falar sobre o mundo das aparências, enquanto é papel da Alma Interna tratar da “real” personalidade. Sem saber, e principalmente sem ter essa pretensão, Jorge Afeich faz de sua página de coluna social no jornal Diário de Sorocaba O Espelho da sociedade sorocabana, ou seja, o encontro da personalidade de cada um que tem sua foto estampada em sua página com o desejo do que cada persona deseja representar no âmbito de nossa sociedade.

Obrigado Jorginho pela tarde de hoje.

Que Maurício de Lucca, Cláudio Grosso e José Benedito, os comandantes do Diário de Sorocaba, sigam lhe dando essa moldura para você espelhar nossa cara.

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