Depois de apenas 11 meses e 20 dias, coronel deixa o comando da Polícia Militar de Sorocaba. Ele tinha 3 anos ainda para ficar no cargo. Pressão política explica a saída precoce

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O coronel Wagner Tardelli assumiu no dia 9 de fevereiro o CPAI-7 (Comando de Policiamento do Interior) e deixou o cargo no final de janeiro. Sorocabano de nascimento, Tardelli cumpriu 30 anos de carreira na PM e preferiu se aposentar, embora seja jovem (51 anos) e por lei ainda poderia ficar mais três anos como coronel da ativa, ou seja, saiu porque quis e deixou o comando da CPAI-7 porque quis. A questão, porém, é por que ele quis sair?

O que mais escuto é que ele cedeu à pressões políticas que vinha sofrendo. E essas pressões não são apenas de políticos, mas especialmente de membros da própria corporação. E o motivo é um só: sua decisão, de julho de 2015, de fechar as sedes de quatro das cinco companhias da Polícia Militar de Sorocaba. Eram todas sedes alugadas pela Prefeitura de Sorocaba que começaram a ser desativadas dentro do programa de contenção de despesas do município. A sede da 1º Cia da PM, no bairro Júlio de Mesquita, foi a primeira a ser entregue ao proprietário. As sedes da 2º Cia na avenida Itavuvu, da 4º Cia na Vila Haro e da 5º Cia no Trujillo também serão desativadas. A 3º Cia é do Trânsito e fica em prédio da própria PM.

A iniciativa de fechar as sedes das Companhias no bairros partiu de um plano elaborado pelo coronel Tardelli para a ampliação da presença do policial militar nas ruas. A sede de companhia, na visão do comando, acabou deixando o policial numa zona de conforto que passaria a ser quebrada com a desativação dos prédios. Ele tinha o entendimento de que havia um vício do policial em sua rotina e esse vício seria quebrado ao levar todos os soldados para dentro do quartel (que não tem a mesma estrutura que uma sede de companhia) e isso  colocaria o policial nas ruas, em ronda ostensiva. Se imaginava que pelo menos mais cinqüenta soldados estariam nas ruas.

Porém, o plano colocou nas ruas apenas 10 soldados e a sensação de segurança que as companhias levavam ao cidadão acabou. A corporação ficou insatisfeita e os políticos que sofrem a pressão do cidadão igualmente não gostaram da mudança.

Ao deixar o cargo de maneira abrupta (essa é a impressão que ficou à sociedade) o que mais ouço nos bastidores é isso, ou seja, a falha nesse plano gerou a pressão que levou o coronel a adiantar sua aposentadoria.

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