Nunca foi morna minhas entrevistas com o deputado federal Vitor Lippi, nem quando ele era prefeito e eu editor. Depois que virei colunista e entrevistador, então, sempre a temperatura sobe. O que é bom, especialmente porque nunca houve falta de respeito de minha parte e nem da dele. Lippi não foge das respostas, embora tente levar a conversa para o lado que mais lhe convém. O que é natural. E hoje não foi diferente na coluna O Deda Questão, no Jornal da Ipanema (FM 91,1Mhz). Mas com jeito ele acabou analisando o processo pelo qual passa o partido, sua ebulição interna e o seu mandato parlamentar.
Onda de mudança atingiu os tucanos
Primeiramente falamos de eleição. Lembrei ao deputado que o prefeito Pannunzio creditou a derrota de João Leandro no 1º turno da eleição de prefeito a dois fatores: 1) baixa aprovação do seu governo, que o eleitor transferiu ao candidato do seu partido; 2º) Estratégia usada na campanha de esconder o governo Pannunzio. Também lembrei a Lippi que a deputada estadual Maria Lúcia Amary disse que a derrota de João Leandro era até previsível na medida em que o processo de escolha do candidato levou mais tempo do que devia e que se imaginava que Pannunzio ia ser o candidato até neste ano. Por fim quis saber qual a avaliação dele. Lippi enumerou 3 pontos: 1º) crise econômica nacional que levou a maioria absoluta dos prefeitos que se candidataram à reeleição a perder; 2º) falta de tempo para preparar a candidatura de João Leandro o que obrigou ele ser apresentado ao eleitor ao mesmo tempo em que se pedia voto para ele. 3º) Por fim, uma onda da sociedade que deseja mudança. Nos final dos anos 60 todos os prefeitos eram da Arena e depois no final dos 70 uma onda varreu a Arena e criou a era do então MDB. Acho que essa onda pegou o PSDB em Sorocaba.
Alckmin mal-humorado com ele
Na avaliação de Lippi, qualquer que fosse o candidato a chance de perder era muito grande. Ele teceu elogios à seriedade de Pannunzio e ao esforço de João Leandro, mas disse que qualquer outro candidato também deveria ter sofrido revés nas urnas. Lembrei que ele próprio havia me contado que disse quatro vezes não ao governador Geraldo Alckmin que queria ele, Lippi, como o candidato a prefeito do PSDB e que o próprio Alckmin havia dito a ele que haveria conseqüências a sua recusa. Lippi riu e disse que o governador anda meio mal-humorado com ele por tudo o que aconteceu, mas que teve convicção de que fez o certo e que o partido está bastante vivo e segue importante, haja visto o estrondoso sucesso que obteve nas urnas em todo o Brasil.
Vai votar em Branco no 2º turno
Questionado para que lado penderia neste 2º turno, Lippi disse que tende a votar em Branco como, citou o apresentador Paulo Roberto Jr., deverá ser o voto do prefeito Pannunzio. Lippi disse que ideologicamente não tem afinidade alguma com Raul Marcelo (PSOL), não acredita no plano de governo e nas posições do partido, mas entende que Raul é uma boa pessoa e gosta do jeito dele. Já de Crespo, ele tem uma afinidade ideológica com o DEM muito mais próxima, entende que a visão do partido e a dele de sociedade são parecidas, mas a pessoa de Crespo por todos os embates e ações na justiça que um move contra o outro o impede de votar nele. Portanto, disse Lippi, o PSDB tomou a melhor decisão de liberar os membros do partido para escolherem quem preferir no 2º turno.
Crise em torno de candidato a vereador
Apenas depois que acabou a eleição, quando JP Miranda (assessor parlamentar da Câmara Federal lotado no gabinete de Lippi) perdeu, apesar de ótima votação para quem se candidatou pela primeira vez, que Lippi disse que JP fez o material de campanha sem que ele autorizasse da forma que foi feito. Mas a questão é: porque não ficou bravo antes? Lippi disse que é amigo de JP e incentivou que fosse candidato, mas o uso do termo Vota ao invés de Apóia é que deu a confusão. E que pedir para mudar todo o seu material seria uma forma de jogar água fira na candidatura. Para amenizar o estrago e ficar de bem com o presidente da Câmara, novamente reeleito, Engenheiro Martinez, Lippi soltou uma nota dizendo que votou em Martinez e não em JP e que JP fez o material sem autorização dele. Tudo isso seria normal, se… Sempre tem um se…. Se José Ailton (vice-prefeito e hoje assessor de Lippi), Paulo Mendes e Arnô Pereira, ambos assessores de Lippi e ex-vereadores, não tivessem sido cabo eleitoral de JP. Se Lippi e a esposa não tivessem pedido voto para JP em vídeos nas redes sociais.
Enfim, disse que o fato de Lippi ter negado JP causou mais estrago do que a derrota tucana. Ele afirma que é exagero, que se JP quiser pode até ser novamente assessor dele. A verdade é que o clima de desgaste é muito grande. Nos bastidores tucanos o clima é de que Lippi só pensa nele e em mais ninguém. Mágoa, talvez seja esse o sentimento dos tucanos em relação ao fato de Lippi ter negado o óbvio. Essa posição de Lippi surpreendeu, negativamente, inclusive o prefeito Pannunzio e a deputada Maria Lúcia. Apenas muita conversa e lavação de roupa suja poderá consertar o ninho. Mas é pouco provável que isso aconteça uma vez que a prática é fazer de conta que está tudo bem.
Outros assuntos
Lippi falou também sobre sua atuação no processo de internacionalização do Aeroporto de Sorocaba; sobre o motivo de ter assinado o TAC (Termo de Ajuste de Conduta) da Saúde Mental faltando menos de uma semana para o final do seu governo. E bastante sobre sua convicção de que fez o certo ao votar a favor da PEC 241 que limita os gastos do governo pelos próximos 20 anos.
Na foto, Lippi (na ponta à direita, falando ao celular) segura faixa de críticas ao PT junto do peolêmico deputado Paulinho da Força