Deputado sorocabano luta para ampliar acesso do brasileiro ao Centro de Valorização da Vida, reconhece que é crescente o número de pessoas afetadas por algum tipo de depressão e que ainda faltam médicos especializados na rede pública em quantidade suficiente

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Um dos temas que mais valorizo enquanto jornalista é o de dar voz às políticas públicas voltadas para o cuidado do ser humano, em especial, os cuidados que o cidadão comum, aquele que leva uma “vida normal”, precisa quando o assunto é a depressão. Além de ser uma doença, como qualquer doença é, a depressão e os seus variados tipos, é tratada como frescura, coisa de afeminado, de gente fraca. Isso sim é um preconceito.

São raros os políticos que dão atenção a este tema. Um deles é o deputado federal sorocabano Vitor Lippi, meu entrevistado na coluna O Deda Questão na manhã de hoje dentro do Jornal da Ipanema (FM 91,1Mhz). Quando prefeito, Lippi instituiu na rede municipal de ensino o programa Amigos do Zippy, onde com a pedagogia adequada, temas da saúde emocional das crianças eram abordadas. Minha grande crítica era o acesso de um número muito restrita dessas crianças ao programa. Mas ao invés de ser consolidado, ele foi finalizado na administração seguinte a de Lippi e não retornou até agora.

No primeiro ano, do primeiro mandato de Lippi, fui escolhido por ele e assumi a secretaria da Cultura, recém-criada. Não era minha intenção fazer da secretaria da Cultura algo voltado às artes, mas de fato à cultura: hábitos, crenças, comportamentos. E em busca do que seria o meu trabalho ali (por outras razões eu sai logo no seu começo o que deu tempo de Lippi reoorganizar o que ele pensava para aquela pasta) me deparei com um dado real: 150 mil atendimentos nas unidades de saúde de Sorocaba. Me lembro de ter dito essa conversa com Lippi (que nos 8 anos anteriores havia sido o secretário da Saúde da prefeitura de Sorocaba) e perguntado se havia, mesmo, um terço da população doente. O que é de um exagero sem tamanho. Me lembro dele me dizendo que não. Desses 150 mil atendimentos, talvez 100 mil fossem de pessoas que precisavam ir a alguma unidade de saúde para ter atenção. Não médica, mas social e principalmente emocional.

Lippi terminou seu governo de 8 anos e identificou que apenas 3% da população sorocabana tinha distúrbios mentais graves (o que torna a pessoa incapaz) e que outros 20% tinham problemas de alguma forma ligados com a depressão. Me lembro de a frente do jornal BOM DIA ter publicado uma das mais polêmicas reportagens entre as tantas que o jornal trouxe em sua breve existência: a de que 2 milhões de comprimidos de fluoxetina eram consumidos por dia na cidade.

Enfim, em sua participação no programa de hoje, Lippi trouxe a informação de que estna na luta, enquanto deputado federal, pela instituição de um número de 3 dígitos (seria o 188) e de ligação gratuita – hoje são de 6 números e quem liga paga pela ligação – para quem quiser falar no CVV (Centro de Valorização da Vida). O ministro da Saúde entendeu a importância, a Aneel e Embratel vão colaborar e ele não vai deixar de lado essa questão que está só começando. Lippi reconhece a importância do CVV e da necessidade de políticas públicas voltada à saúde mental. E reconhece também que é pouco e que a rede pública não oferece médicos (psiquiatras) em número razoável à população nas unidades de saúde.

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