Logo após a entrevista do ex-prefeito Pannunzio, na manhã de hoje, na coluna O Deda Questão do Jornal da Ipanema (FM 91,1Mhz), onde foi convidado para se defender da série de ataques que vem sofrendo do atual prefeito, Crespo, senti um certo mal-estar pelo resultado final.
Fora do ar comentei com João Leandro da Costa Filho, ex-secretário de Pannunzio, candidato a prefeito derrotado do PSDB e presidente do diretório municipal tucano, que acompanhou Pannunzio durante a entrevista que durou mais de uma hora, a minha sensação de que havia considerado um erro de Pannunzio ter descido o nível da crítica política como fez.
Até o instante em que Pannunzio rebateu praticamente uma a uma as acusações de Crespo (que afirmou ter recebido “uma prefeitura falida”, “herança maldita”, inauguração fajuta do Carandá, acusou Pannunzio de ter “escondido e apagado arquivos da prefeitura”…) entendi que Pannunzio colocava na devida ordem o que estava em jogo nessas críticas. Ou seja, Pannunzio entende que as críticas de Crespo têm dois objetivos: A) O DEM e o aliado PMDB desejam eliminar o PSDB sorocabano, matar a importância que o PSDB teve para Sorocaba nos 20 anos que administrou a cidade; B) Crespo quer fazer da administração Pannunzio o bode expiatório da sua falta de capacidade para cumprir o que prometeu em campanha.
Um raciocínio condizente com a história de Pannunzio e do próprio PSDB sorocabano. Um tema que extrapola os interesses de Pannunzio, Crespo, DEM ou PSDB e atinge em cheio à sociedade sorocabana que esteve, historicamente, alinhada com candidatos desta faixa de centro do espectro ideológico. É raro um desempenho positivo da esquerda. Nem Lula, em seu auge, ganhou uma eleição em Sorocaba.
Mas a partir do momento em que Pannunzio decidiu chamar Crespo (DEM) de “parlapatão” ele despencou. Toda a crítica política que havia feito se perdeu no que há de mais baixo nível na política, as adjetivações jocosas que um político pode fazer do outro.
Crespo, quando vereador, chamou o então prefeito Pannunzio de “rainha da Inglaterra” no sentido de dizer que ele era uma figura decorativa no governo e não sabia de nada que acontecia sob o comando de alguns dos seus secretários. Crespo estava fadado a ser vereador, havia perdido a estatura de liderança política, havia perdido seu grupo, o DEM nunca foi um partido e nem militantes tinha. Por obra e graça de Renato Amary, do PMDB, teve a chance de ser o candidato e vencer a eleição. E, embora envolto em variadas polêmicas, tem tido um desempenho elogioso no geral, em especial como conduziu a crise da adutora de água que deixou a cidade por 8 dias sem água. Uma vez com a caneta na mão, Crespo critica diuturnamente a administração Pannunzio. Demonstra um certo prazer em suas críticas.
Pannunzio, ao contrário, teve sua história de sucesso com 4 mandatos de deputado federal, liderança nacional do partido, presidência do diretório estadual tucano e voltou à prefeitura de onde saiu com a marca de um político sério. Por tudo isso, descer o nível da crítica política à troca de adjetivações, em meu entender, é dizer não à sua história. A políticos como Pannunzio cabe a seriedade de demonstrar à sociedade que se dedicar à vida pública é uma vocação e que quem a tem deve cultiva-la. A sua adjetivação de hoje nega isso tudo.
Para ajudar no seu escorregão, parlapatão, de acordo com o site de dicionário online dicio.com.br, é uma “pessoa que possui essa característica: fanfarrão, mentiroso, impostor”. Mas na entrevista, quando usou esse adjetivo contra Crespo, Pannunzio disse que o usava no sentido de ser “aquele que fala o que vem à cabeça, sem nenhum cuidado e em momentos inconvenientes”. Ou seja, Pannunzio usou o sentido de Leviano, mas chamou de Parlapatão.