Não sei se me irrita mais imaginar a cara de satisfação do vereador Vinícius Aith, o mais bolsonarista da Câmara de Vereadores de Sorocaba, com a repercussão do seu projeto sobre a volta dos rodeios na cidade ou o empenho das pessoas em se dizer contra os rodeios.
O objetivo inicial do projeto (e isso pode ser creditado ao vereador Aith ou ao seu mentor, o prefeito Manga) era ser uma cortina de fumaça para a votação, aprovada, como já disse, de aumento de imposto de 14% no salário do servidor público. Mas as consequências foram muito melhores, Aith amarrou o conteúdo (a sociedade esperneando contra a volta dos rodeios) aos seus objetivos (se promover). Aith/Manga deixaram claro que sabiam porquê criaram o conteúdo volta dos rodeios.
Nem mesmo Jaqueline Coutinho, que foi prefeita de Sorocaba até o final de 2020, escapou da armadilha e correu fazer propaganda do projeto de Aith/Manga. Dizer que é contra, como milhares de sorocabanos correram para dizer, só ajudou o projeto a ficar conhecido.
Ouvi de uma pessoa que ela nem sabia que era proibido rodeio na cidade e ela achava isso absurdo, pois sempre gostou de vacas, touros, cavalos e tem ainda em sua memória, de quando era criança, os eventos da Fapis (Feira Agropecuária) de Sorocaba.
O autor do movimento que criou a lei contra os rodeios em Sorocaba, o então vereador Gabriel Bitencourt, ambientalista, em papo no programa “Boteco do Urbano” exibido em rede social lembrou que havia, em 2002, um clima na sociedade para que a lei fosse aprovada e que hoje, certamente, se aprovada fosse não seria com a facilidade com que foi naquele momento.
Os extremistas de direita, como Aith, encontram eco com seu discurso de mudança de comportamento da sociedade em eventos que se chocam frontalmente com os defendidos por pessoas da chamada esquerda. Desse modo, o conteúdo (volta dos rodeios) serve de marketing duplo pois promove o pensamento de Aith e, simultaneamente, também promove o discurso dos contrários. Ambos dizem, com convicção, que se trata de um absurdo proibir (fazer) rodeios.
Como num passe de mágica, um assunto que não existia (foi votado e virou lei em 2002) ganha vida não pelo seu criador (vereador Aith), mas pelos seus contrários.
Algo que lembra Bolsonaro? Simmmmm.