A presidente do Conselho Municipal dos Direitos da Mulher de Sorocaba, Emanuela Barros, em sua luta para fazer avançar as investigações sobre a origem e motivo do aparecimento de uma carcaça (estojo, cápsula) de uma bala já detonada de um Fuzil 762, de uso exclusivo do exército, dentro de um armário doado pela Prefeitura à entidade, esteve hoje na Câmara de Vereadores no mesmo momento em que o prefeito de Sorocaba, Rodrigo Manga, também esteve. Hoje começou o ano legislativo.
Emanuela quer uma resposta. E ela acha que o prefeito pode dar. O prefeito disse que faz o que está ao seu alcance, ou seja, determinou que a Corregedoria do Município investigue e entenda como a cápsula foi parar no armário.
Emanuela não culpa Manga pela cápsula, mas entende que como chefe maior do executivo ele pode acelerar as investigações.
Não foi à toa que Emanuela foi esperar o prefeito na Câmara. Ali havia a imprensa, populares e assessores, ou seja, um ambiente propício para pressionar o prefeito ou, o que acabou acontecendo, constrange-lo.
Manga, no começo da conversa, se manteve resiliente, mas perdeu a paciência. Ele recebeu uma bala (de doce), Emanuela demorou a admitir que já esteve em seu gabinete (mesmo que acompanhada de outras 27 conselheiras e ela deseja uma audiência para este assunto em específico). Emanuela, que no começo era clara em sua intenção, também ficou nervosa. E o resultado não foi outro senão vozes alteradas, ironias, desentendimento.
Nas redes sociais, tanto o prefeito quanto a presidente do conselho tentaram emplacar a narrativa que mais lhe eram convenientes sobre o episódio.
Eu, vendo o vídeo, me surpreendi o quanto os partidos dos protagonistas da discussão são importantes. Manga chega a falar: essa aqui, apontando para Emanuela, é do PSOL. A forma (que diz muito mais do que o conteúdo) era como se ele estivesse dizendo: Essa aqui tem defeito. A forma como Emanuela reagiu, dizendo que isso não tinha importância (ela estava ali como presidente do conselho e não como membro de partido), legitimou as acusações de Manga.
O método de constranger sem vitimizar, sempre deu certo para os partidos de oposição. Mas entendo que esse método esteja desgastado diante dessa nova safra de político que faz do celular uma extensão de si próprio, como é o caso de Manga. Um pedido de apoio legítimo (que o prefeito peça empenho da corregedoria para a resposta ao problema) se transformou num ato de baderna aos olhos do cidadão comum. O que é ruim para a sociedade. A causa (como a cápsula foi parar o armário) ficou completamento em segundo plano depois do entrevero de hoje.