Morre criança de 12 anos não atendida em UPH exclusiva para atendimento infantil e levada à UPH exclusiva para adultos. Situação reaquece o debate sobre este modelo adotado ainda no primeiro ano do atual governo

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Ailton

Morreu uma menina de 12 anos, moradora do bairro George Oeterer (que pertence a Iperó, mas fica bem mais próximo de Sorocaba), após ter passado mal a tarde em sua casa. Levada até o PA de Iperó ela foi dispensada por estar com gases. Horas de depois, quando já era noite, a menina passava mal novamente e seus pais a levaram até a UPH (Unidade Pré-Hospitalar) da Zona Oeste, unidade exclusiva para atendimento infantil. Mas lá eles foram dispensados sob a alegação de que o atendimento era para crianças até 11 anos e a menina já tinha 12. Os pais, com o próprio carro, levaram a menina até a UPH da Zona Norte, exclusiva para o atendimento de adultos. Lá obteve toda a atenção do médico, passou por exames, mas morreu.

A morte choca. A morte de uma criança mais ainda. A morte depois de uma recusa de atendimento gera revolta.

 

Nota oficial

 

A Secretaria de Saúde de Sorocaba tão logo tomou conhecimento do óbito da menor MSS, em 24/08/2016, efetivou todas as providências no sentido de averiguar a ocorrência. Em nossos registros foi observado histórico de atendimento da paciente na Unidade Pré-hospitalar da Zona Norte, local onde a paciente foi prontamente atendida, porém acabou indo a óbito. Após relatos pela imprensa de que a paciente teria sido atendida também na UPH Zona Oeste, embora não haja registro de atendimento em nosso sistema, esta Secretaria intensificou a busca de mais informações e está instaurando processo visando apuração do caso a fim de identificar qualquer situação de não conformidade neste atendimento. Esta menina passou pelo PA de George Oeterer no dia anterior. Ela é de Iperé e lá não resolveram o problema e por isso ela procurou Sorocaba e aconteceu toda esta infelicidade. A SES abriu sindicância. Pegou fitas de segurança, ouviu a atendente na UPH zona Oeste para ver se houve algum tipo de negligência.

 

Ao vivo na rádio

 

O secretária da Saúde da Prefeitura de Sorocaba, o administrador Ailton de Lima Ribeiro, concedeu entrevista ao vivo na coluna O Deda Questão no Jornal da Ipanema (FM 91,1Mhz) na manhã de hoje (8/9) sobre este caso. Ele se mostrou consternado e bateu na tecla que há um protocolo a ser cumprido em todas as unidades de saúde de Sorocaba, a de que cabe somente ao médico e a nenhum outro funcionário, dispensar algum paciente de atendimento. Reconheceu que os pais da menina morta foram dispensados sem que o médico tivesse se manifestado na UPH da Zona Oeste e se comprometeu, com a sindicância descobrir porque o protocolo não foi cumprido.

 

Sistema fica mantido

 

O atendimento nas Unidades Pré-Hospitalares (UPHs) Zona Oeste e Zona Norte passou a ter novo formato em novmbro de 2013, 11 meses após o início do governo Pannunzio. A UPH Zona Oeste passou a atender exclusivamente casos de urgência e emergência de crianças com até 11 anos completos, e deixa de atender adultos. Já a UPH Zona Norte passou a atender pacientes com 12 anos ou mais, incluindo então adolescentes, adultos e idosos. A UPH Zona Leste e UPA do Éden continuam com atendimento misto. O anúncio foi feito em 2013 pelo então titular da Secretaria da Saúde (SES), Armando Raggio. O principal motivo da mudança era a falta de médicos pediatras na rede municipal de saúde e a dificuldade de contratação de novos profissionais. Na oportunidade, Raggio afirmou que esse serviço especializado na UPH Zona Oeste deve melhorar a qualidade do atendimento às crianças.

 

O pensamento segue sendo o mesmo. Pelo menos até hoje. O secretária da Saúde da Prefeitura de Sorocaba, o administrador Ailton de Lima Ribeiro não pensa em mudar este sistema. Talvez mude de idéia após a conclusão da sindicância que verifica o motivo da criança, que veio a morrer, teve atendimento negado naquela unidade. Talvez não, especialmente se a causa da morte não tiver relação alguma com o tempo que levou para a criança ser atendida.

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