Os motoristas de ônibus de Sorocaba, através do Sindicato dos Rodoviários de Sorocaba e Região, venceram a queda de braço com a Prefeitura de Sorocaba e conquistaram o reajuste salarial que conquistaram. Ou seja, a greve – maior da história de Sorocaba – de nada valeu. Foi preciso que ocorresse a cassação do mandato do prefeito Crespo, que nova negociação fosse feita com a prefeita Jaqueline Coutinho e ela desse o aval para que as empresas concedessem o reajuste salarial real de 2% a partir de março de 2018, uma vez que em julho, a categoria teve garantido pela Justiça do Trabalho o reajuste de 4% referente à reposição da inflação dos últimos doze meses contados da data-base da categoria, que é 1º de maio.
“Com isso, os trabalhadores em transporte urbano de Sorocaba conquistaram na campanha salarial deste ano aumento de 6% nos salários, sendo 4% retroativo a 1º de maio e 2% a partir de março de 2018; aumento de R$ 1,00 no tíquete-refeição a partir de novembro, o que eleva o benefício para R$ 21,00 por dia; manutenção da participação nos lucros e resultados (PLR) no valor atual de R$ 1.500,00, paga no retorno das férias, e dos demais direitos garantidos em acordo coletivo de trabalho”, divulgou a assessoria de comunicação do sindicato.
De onde vem o dinheiro
Já disse na coluna O Deda Questão no Jornal Ipanema (FM 91,1Mhz) e escrevi neste blog que a greve foi um embate ideológico e político (entre o PT do sindicato e o DEM do prefeito Crespo) tendo o seu motivo, o reajuste salarial, ficado em segundo plano.
Do mesmo modo também falei e escrevi ser compreensível (embora discutível de diferentes pontos de vista) que o sindicato que representa os motoristas e o prefeito Crespo (que não vai aumentar o preço da passagem e nem aumentar o repasse às empresas) não arredassem pé de suas posições bastante clara desde o início do movimento.
Agora, pergunto, com o aumento real oferecido pelas empresas concessionárias, segundo dados da Urbes à época da greve, esses 2% provocarão um impacto de R$ 5 milhões a mais por ano nas contas. Lembrando que a previsão para 2017, feita pela Urbes, é de um subsídio estimado em aproximadamente R$ 70 milhões para garantir a manutenção do equilíbrio econômico e financeiro desse sistema composto pelas empresas concessionárias (Consor e STU) para atender às gratuidades e descontos especiais nas tarifas oferecidas à população.
O sindicato e os motoristas comemoram a conquista. Mas a prefeita Jaqueline ainda não disse de onde vai tirar dinheiro para cobrir esse subsídio a mais. Ou a conta feia na gestão de Crespo estava errada? Enfim, de onde virá esse dinheiro?
Maior greve
O aumento real nos salários foi o que travou a negociação da campanha salarial deste ano e levou a categoria a realizar 25 dias de greve entre os meses de junho e julho. A reabertura das negociações entre o Sindicato dos Rodoviários e as empresas que operam o sistema de transporte público de Sorocaba (Sorocaba Transportes Urbanos – STU e Consórcio Sorocaba – CONSOR) aconteceu após a posse da prefeita Jaqueline Coutinho (PTB) e teve a intermediação do novo presidente da Urbes – Trânsito e Transportes, Luiz Carlos Siqueira Franchim.
Enquanto o TRT não foi enérgico, os motoristas fizeram greve, a maior da história do transporte sorocabano, foram 25 dias de paralisação em busca de aumento salarial real, manutenção de direitos e de postos de trabalho. A greve teve início em 22 de junho e, após algumas suspensões para retomada de negociação e retorno à paralisação por não se chegar a um acordo, a greve foi suspensa em definitivo por ordem judicial no dia 28 de julho. Na mesma decisão judicial, o relator do processo de dissídio exmo. juiz Hamilton Luiz Scarabelim concedeu tutela antecipada que garantiu aos trabalhadores a reposição de 4% de inflação nos salários retroativo a 1º de maio deste ano – data-base da categoria -, o aumento de R$ 1,00 no tíquete-refeição a partir de novembro, acatando o pedido da categoria e elevando o tíquete para R$ 21,00 por dia, e a concessão da participação nos lucros e resultados (PLR) no valor atual de R$ 1.500,00, paga aos trabalhadores no retorno das férias.
FOTO: Momento de uma das assembleias dos motoristas onde celebram o aumento real nos salários