Movimentos de esquerda comemoram vitória na sessão da Câmara na rejeição da taxa de iluminação, mas isso não teve peso algum na decisão dos vereadores. A verdade é a insatisfação da base com o prefeito, seus métodos e seu líder

Compartilhar

Camara1O movimento Contra a Taxa de Iluminação – organizado pelas entidades de ideologia de esquerda Fórum Popular de Saúde, Rosa Lilás, Enfrente! e Quinze de Outubro (ligados ao PSOL, PT e ao campus da UFScar Sorocaba) e que fez um abaixo-assinado com mais de 11 mil assinaturas – celebrou como vitória a decisão da Câmara que rejeitou por unanimidade hoje o projeto que cria a Taxa de Iluminação Pública.

Mas a verdade é outra. O projeto apenas demonstrou a insatisfação de um grupo de vereadores ligados aos partidos que elegeram o prefeito com o próprio prefeito Crespo, seus métodos e o seu líder, Fernando Dini.

Conversei com vereadores, assessores de vereadores, assessores do prefeito e secretários municipais para fazer um juízo do que aconteceu na sessão de hoje. Exceção feita a integrantes da esquerda, que creditam o resultado às pressões dos militantes, que foram com cartazes à sessão, todos são unanimes em dizer que o problema está na política.

Problema nº 1 – o prefeito não estabelece diálogo

Problema nº 2 – o líder do prefeito perdeu a liderança sobre a base

Problema nº 3 – o presidente da Câmara está retaliando o prefeito

O que está sendo difícil é compreender exatamente o que quer dizer cada um desses problemas. A falta de diálogo vai desde a ausência do prefeito e seus secretários em sessões da Câmara para explicar os projetos até a rigidez do prefeito em não cumprimentar um vereador como aconteceu semana passada num encontro casual entre Crespo e Silvano Jr. e Crespo passou sem se dirigir ao vereador. Mas há mais coisa nessa falta de diálogo. Só não sei o que ainda.

A questão do líder, vereador Fernando Dini, diz respeito a compromissos que ele assume em nome do prefeito com os vereadores e que não acontecem. Alguns acham que Dini não está levando ao prefeito as demandas, outros acham que o prefeito não quer mesmo atender. O resultado disso é que os vereadores recorrem ao veterano Martinez e isso gera um desconforto geral. Sobra até para o vereador licenciado, Anselmo Neto, que os vereadores pedem ajuda, mas ele diz que eles devem recorrer ao Dini. O fato é que a insatisfação dos vereadores chegou aos secretários e os secretários cobram o prefeito e o prefeito, hoje, prometeu tomar providências.

Por fim, o desenho é o seguinte: os quatro da esquerda (Iara Bernardi, Fernanda Garcia, França e Renan – PT, PSOL e PC do B) são oposição. Há oito vereadores ligados ao prefeito (Martinez, João Donizeti, JP Miranda, Rafael Militão, Pastor Apolo, Pastor Luís Santos, Pastor Irineu e Fernando Dini) e outros 8 vereadores (Wanderlei Diogo, Hélio Brasileiro, Hudson Pessini, Péricles Régis, Fausto Peres, Silvano Jr., Vitão do Cachorrão e Rodrigo Manga) que mais se ressentem do diálogo do prefeito, de efetivas ações do líder e se rebelam nos bastidores, por enquanto.

Conclusão

O que sinto é que os vereadores em particular, mas seus assessores também, estão perdendo o respeito e a confiança pela autoridade que Crespo representa como prefeito. Vejo vereadores e assessores que não sabem o que esperar do prefeito. Não há embates e brigas por grandes causas, mas somente por encrencas, coisas pequenas, como o rompimento com uma vice da coligação.

O que tende a piorar a situação é o fato de além denão falar com os vereadores, o prefeito não está ouvindo os seus próprios secretários e, apesar de toda a publicidade da campanha, nem mesmo seu padrinho político, Renato Amary. Vereadores da base e secretários já começam a externar (por enquanto em off) desaprovação às atitudes intempestivas e personalistas de Crespo.

A crítica feita ao líder (como relatei acima) no meu modo de entender se estende também a ausência de um secretário respeitado entre os próprios colegas e entre os vereadores para mediar os conflitos.

O governo passa a cada armadilha (o que mais existe em política) a visão de desequilíbrio. Por enquanto, e no andar dos acontecimentos em breve isso vai romper barreiras, a impressão de desmando do governo é restrita ao círculo dos vereadores e secretários, mas já já estará generalizada na população mesmo a parcela não envolvida com a política.

Como ouvi no núcleo daqueles 8 vereadores ligados ao prefeito, se ele parar de atrapalhar com coisas pequenas, vai fazer um bom governo. Mas, pergunto: o que está sendo feito para que o prefeito pare de atrapalhar?

Comentários