O encontro 

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O bate-papo com um pequeno grupo de frequentadores da Biblioteca Comunitária Milton Expedito, no Parque das Laranjeiras, sábado passado, me levou de volta ao bairro em que nasci, a Vila Santana, em razão da vivacidade do local. 

O Parque das Laranjeiras de hoje é como a Vila Santana dos anos 60 e 70, um local com gente de todas as idades, com barulho de propaganda, de motor de carro, ônibus, caminhão, moto e bicicleta, de gritaria de crianças. Com bares lotados. Com gente conversando na calçada, como um dia foi a Vila Santana, aquela da minha infância.

Me surpreendeu ter sido lembrado sobre quem é o Milton Expedito, que empresta seu nome à biblioteca. Trata-se do Dinho, um preto morto pela Polícia Militar por ser preto. Eu escrevi a respeito quando de sua morte (Não foi o PM que matou o Dinho https://odedaquestao.com.br/nao-foi-o-pm-que-matou-o-dinho/).

Me senti bem durante todo encontro que começou um pouco depois das 16h30 e só acabou às 18h, quando já era noite. Fiquei feliz em saber que o Ferréz, ícone da literatura marginal, que levou o Capão Redondo, periferia de São Paulo, ao mundo, é um dos padrinhos da Biblioteca Comunitária.

A curiosidade sobre o processo de escrita, a leitura que fizeram da capa de meu livro, a condição de meu nonno ao imigrar em 1895… foram temas do bate-papo.

A dificuldade das crianças em entender um texto, o domínio das redes sociais sobre a mente das pessoas, a submissão das famílias ao discurso dos pastores levando pais e mães a proibirem os filhos de terem acesso a um livro… Tudo isso também foi assunto na conversa de sábado. 

Voltei pra casa cheio de esperança. Certo de que a literatura é um bom caminho quando se pensa na capacidade de se abordar a realidade, provocando o encontro do indivíduo consigo próprio, onde há condições dele enxergar o outro e refutar a mentira que jorra da boca de políticos.

Meu muito obrigado a todos da Biblioteca Comunitária em particular ao Josué Lima, jovem que conheço há décadas, desde quando eu era editor de jornal, e também como o primeiro secretário da Cultura de Sorocaba, e abri espaço para o movimento Hip-Hop deslanchar por aqui, fato que ei não me lembrava, mas Jô Lima nunca esqueceu e contou sábado no encontro.

Já aceitei o convite para um encontro futuro, quando “O Filho do Açougueiro” tiver já circulado de mão em mão entre os frequentadores da biblioteca e o bate-papo seguirá, então, por outra direção. Certamente será bom como foi sábado passado. Também aceitei o convite para o Sarau do Rio Grande do Sul previsto para o próximo dia 27, quando além da leitura de textos o evento pretende arrecadar livros a serem doados aos gaúchos que perderam mais de 200 mil exemplares na recente tragédia que atingiu mais de 450 municípios do Estado.

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