O presidente da República, Michel Temer, após o descerramento de placa alusiva ao lançamento da pedra fundamental do RMB (Reator Multipropósito Brasileiro) no Centro Industrial Nuclear de Aramar, em Iperó, posou para foto com autoridades (entre eles o deputado federal sorocabano Vitor Lippi – o deputado Jeferson Campos, com base em Sorocaba, também foi citado pelo presidente em seu discurso). E nessa foto, publicada originalmente no portal do jornal Cruzeiro do Sul, de autoria do repórter fotográfico Erick Pinheiro, me intriga a seguinte questão: o que fazia o presidente com essa mala na mão?
Eu sei que o jornalista é para dar respostas e não dúvidas aos seus leitores. Porém, essa dúvida é um fato e merece destaque. Assim que obtiver a resposta da assessoria do presidente, esclareço aos leitores.
Avanço tecnológico
Além do lançamento da pedra fundamental do Reator Multipropósito Brasileiro, hoje também teve início os testes de integração dos turbogeradores do Laboratório de Geração de Energia Nucleoelétrica, em Aramar.
O reator vai produzir radioisótopos para a fabricação de medicamentos usados no tratamento de doenças nas áreas de cardiologia, oncologia, hematologia e neurologia. “Hoje, somos obrigados a importar fármacos para combater várias doenças, principalmente o câncer. O tratamento fica mais complicado e, naturalmente, mais caro, porque o país depende de fornecedores estrangeiros”, disse o presidente.
Com o reator, segundo o presidente, o Sistema Único de Saúde (SUS) aumentará os atendimentos de câncer, além de reduzir custos no tratamento. Os medicamentos terão preço de custo. A tecnologia permitirá ainda a produção de fontes radioativas para a indústria, agricultura e meio ambiente. A previsão é que o reator comece a funcionar em 2024.
Serão investidos R$ 750 milhões no projeto do reator multipropósito que possibilitará a fabricação de radiofármacos a preço de custo para o SUS. O Ministro da Saúde, Gilberto Occhi, explicou que a pasta vai investir esse valor até 2022. Neste ano serão liberados R$ 30 milhões.
Occhi destacou que ao baratear custos com o reator será possível oferecer mais serviços de saúde para a população. “Na prática, significa para a população que vamos realizar diagnóstico mais preciso de doenças como infarto do miocárdio, infecções agudas, demências e embolia pulmonar. Teremos uma das formas mais eficientes de detectar o câncer. Significa ampliação dos serviços de diagnóstico por imagens que permitem visualizar o funcionamento de órgãos e tecidos”, explicou Occhi.
O ministro da Defesa, Joaquim Silva e Luna, que também participou do evento, informou que o reator faz parte do programa nuclear da Marinha, voltado apenas para fins pacíficos. “Vale lembrar que o Brasil é um dos países mais atuantes na causa da não proliferação de armas nucleares”, disse. “O reator terá, além do reator nuclear de pesquisa, toda uma infraestrutura de laboratórios, capazes de realizar testes de verificação dos efeitos da radiação”, completou o ministro.
A tecnologia tornará o Brasil referência em medicina nuclear, pois será autossuficiente na produção de radioisótopos. Como o número de reatores desse porte é pequeno em todo o mundo, o Brasil poderá, inclusive, tornar-se exportador do radioativo (esse último material é da Agência Brasil).